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A integração com o setor elétrico ainda é um dos desafios para o deslanche do setor de gás natural no país. A relação é marcada pela tensão, já que por um lado a área de energia pede a flexibilidade das térmicas abastecidas pelo combustível e o mercado de gás quer a sua inflexibilidade. Com uma boa previsão de oferta para os próximos anos, existe a necessidade de ter um mercado local para esse montante disponível.

“Precisamos criar mecanismos para que o gás possa ser vendido no país”, avisa o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, Décio Oddone, que participou na última terça-feira, 26 de setembro, do Seminário de Gás Natural, promovido pelo IBP no Rio de Janeiro.

A importância das térmicas a gás vem na esteira da grande inserção de fontes renováveis na matriz brasileira, cuja natureza operativa é de intermitência. As termelétricas aparecem naturalmente como suporte a essas fontes, já que são despacháveis. Nesse panorama, as térmicas supridas por terminais de GNL despontam, uma vez que a oferta desse insumo está abundante. No Brasil, o terminal de regaseificação da UTE Porto de Sergipe vai ficar a cargo da Golar.

Segundo Edson Real, diretor de desenvolvimento de negócios da empresa, o momento é importante, já que sempre houve uma expectativa de quando o gás natural atingiria o seu ápice no país. A integração com o setor elétrico é um ponto que ele disse vir insistindo há anos e que agora poderia se concretizar. O executivo da Golar contou que a empresa vem estudando mais oportunidades de terminais no Brasil.

O programa Gás para Crescer, proposta criada pelo governo para alterar as regras do mercado de gás de modo a atrair mais investimentos, é uma das esperanças para o incremento do mercado. Por outro lado, a Chamada Pública 33, que trata do novo modelo do setor elétrico, também prevê mudanças. Até o fim do ano, as duas propostas devem estar formatadas para serem enviadas pelo governo ao congresso.

Uma das maiores geradoras de energia do país e maior player térmico, com 6,4 GW instalados, a Petrobras também aposta em um maior papel das térmicas na esteira do aumento das renováveis. Segundo Marcelo Cruz, gerente executivo da área de Energia, a empresa fez contribuições para o novo modelo do setor, querendo que a harmonização dos dois setores represente de modo adequado a representação de custos da cadeia do gás. Ela também pediu a unificação dos leilões e o fim da diferenciação entre a energia nova e velha.

Para o consultor Adriano Pires, o único lugar em que a integração entre gás e setor elétrico aconteceu de fato foi no Parnaíba, aonde a Eneva tem campos de gás e um complexo termelétrico. Segundo Pires, a história do gás no Brasil ainda precisa ser “escrita”. Ele conta que governos anteriores já tiveram oportunidades, como na década de 1990 e na criação da lei do gás, de fazer esse mercado deslanchar, mas preferiram se omitir ou reforçar o monopólio da Petrobras.

Agora, diz ele, há uma nova chance, uma vez que existe no mundo uma oferta crescente de gás, com GNL e o shale gas. No Brasil, além da alta oferta, a Petrobras ainda vai vender parte de seus ativos. Ainda de acordo com Pires, o governo brasileiro tem um cacoete de ser intervencionista demais, não acreditando no mercado. Se o governo quer mercado, deve criar uma legislação que facilite isso. “O livro está em branco, tem que decidir se quer ser marcado ou não”, aponta.