A agência de classificação de risco S&P Global reafirmou em relatório as notas das distribuidoras da EDP Brasil. No caso da concessionária do Espírito Santo as notas para crédito corporativo estão em ‘BB’ na escala global e ‘brAA-’ na escala nacional Brasil. A perspectiva é negativa e o perfil de crédito individual ‘bb+’permanece inalterado. Já para a distribuidora EDP São Paulo o rating de crédito corporativo continua em ‘brAA-’ na escala nacional Brasil e perspectiva negativa.
Segundo o documento, a agência analisou as distribuidoras com base nos números consolidados da EDP Brasil. A empresa tem apresentado um desempenho alinhado à expectativa da S&P que espera a manutenção do índice de dívida sobre ebitda (antes de juros, impostos, depreciação e amortização) abaixo do índice de 3 vezes. E ainda, a relação entre a geração interna de caixa sobre dívida acima de 20% nos próximos anos, apesar do que classificou como um “considerável programa de investimentos (capex), o qual será direcionado para suas distribuidoras de energia e na entrada do grupo no segmento de transmissão”.
A S&P explicou que a reafirmação dos ratings também se baseia no fato de que a nota do país limitam os da EDP Espírito Santo e da EDP São Paulo. “Há uma probabilidade apreciável de as distribuidoras de energia acompanharem o Brasil em um cenário de default, como outras empresas que operam em ambiente regulado. Nesse cenário, a EDP Espírito Santo e a EDP São Paulo poderiam estar sujeitas a controles tarifários, e acreditamos que a arrecadação de receitas e a disponibilidade de crédito poderiam ser comprometidas”, argumentou.
No relatório a agência destaca que as empresas de distribuição do grupo têm aumentado seus investimentos com o objetivo de melhorar a eficiência operacional, o que as ajudou a cumprir com as metas regulatórias e a atingir a meta dos indicadores de DEC e FEC, enquanto as perdas de energia ainda são mais altas do que aquelas consideradas nas tarifas. Ao mesmo tempo há uma projeção de redução na geração de fluxo de caixa desse segmento de negócio em 2017, porque as empresas estão retornando os passivos regulatórios de 2016.
De 2018 em diante esse fator não deverá ser visto.  Além disso, dentre as premissas da análise estão incluídos: uma geração de fluxo de caixa do grupo sem impacto meesmo com o GSF por conta da estratégia de hedge; crescimento do consumo de energia combinado de aproximadamente 1,5% em 2017 e em torno de 1% em 2018. e investimentos consolidados de cerca de R$ 700 milhões em 2017 e de quase R$ 800 milhões em 2018, principalmente no segmento de distribuição.
As concessionárias têm cláusulas contratuais restritivas (covenants) em suas obrigações de dívida, calculadas no nível das subsidiárias. Em 30 de junho de 2017, as distribuidoras estavam cumprindo essas obrigações e a expectativa é de que essa situação permaneça nos próximos anos, visto que as subsidiárias apresentam métricas de alavancagem relativamente baixas.
A S&P ressalta que a perspectiva negativa dos ratings reflete aquela atribuída aos ratings do Brasil, porque são limitados aos ratings do nível da nota soberana do Brasil. Com isso, se houver o rebaixamento dessa nota de risco soberano nos próximos 12 meses, a ação será similar nos ratings atribuídos às empresas.
Contudo, relata que não está projetado um cenário, no curto prazo, que possa nos levar a rebaixar os ratings de ambas as empresas com base em seus próprios fundamentos. Mas, ressalta ainda que pode haver essa ação caso a EDP Portugal demonstrasse menos incentivo para oferecer suporte às operações brasileiras e se as métricas de crédito da EDP Brasil se deteriorassem significativamente. Entre essa deterioração está relação entre dívida sobre ebitda acima de 5 vezes, o que poderia ser resultado de uma grande aquisição financiada por dívida.
No sentido inverso, para a elevação de perspectiva para estável nos próximos 12 meses depende de uma ação positiva no rating soberano brasileiro. Ou “se acreditássemos que a EDP Portugal demonstrasse disposição maior para dar suporte explícito a suas operações brasileiras, poderemos elevar os ratings da EDP Espírito Santo e da EDP São Paulo”, apontou.
Dentre os destaques da controladora das duas distribuidoras, apontou a agência, estão a entrega de projetos de geração dentro do orçamento e no prazo, o que, nas palavras da S&P “destaca a capacidade provada do grupo para planejar e executar investimentos em expansão da capacidade”. Ao mesmo tempo, continuou, acredita que a EDP Brasil possua reservas de energia suficientes para cobrir a exposição ao déficit hídrico de, pelo menos, 92% nos contratos no mercado regulado.
Lembrou ainda do que o presidente da empresa, Miguel Setas, vem falando, que ao passo que a conclusão dos projetos de geração aproxima-se, a empresa concentrará seus investimentos no segmento de transmissão, após ter vencido cinco lotes nos dois últimos leilões do governo, o que deve requerer investimentos aproximados de R$ 3,1 bilhões. E, a perspectiva é de a companhia poder se beneficiar da experiência em construir UHEs para mitigar os riscos que poderão surgir na construção das linhas de transmissão e, assim como em geração, entregar os lotes no prazo e dentro do orçamento.