O sistema de contenção de troncos associado à hidrelétrica de Santo Antônio (RO – 3.568 MW), considerado o maior do mundo, está sendo objeto de um projeto de pesquisa e desenvolvimento desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT) em conjunto com a Santo Antônio Energia – operadora da usina. Realizado desde novembro do ano passado, o trabalho visa entender as condições necessárias para a otimização dos recursos dispendidos no sistema, com o objetivo de reduzir custos e garantir maior eficiência na operação.
Chamado de log boom, o sistema de contenção direciona os troncos de árvores para o curso natural do rio e é uma das estruturas fundamentais da usina, evitando que as turbinas sejam prejudicadas. Com mais de 5,8 km de extensão, o log boom da hidrelétrica Santo Antônio é composto por um conjunto de boias de polietileno de alta resistência, sustentadas por estruturas de aço especial que vão desde a superfície da água até a profundidade de 4 metros. Ao todo, mais de 20 pesquisadores trabalham no projeto.
O projeto foi objeto de estudo de duas dissertações de mestrado em Engenharia na USP. Utilizando diversas tecnologias com o intuito de aperfeiçoar a estrutura do equipamento, o estudo é baseado projeções computacionais, entre as quais um simulador real instalado em um tanque de provas com estrutura 10 vezes menor do que a construída na hidrelétrica. Nas próximas etapas serão realizadas medições em campo por meio de sensores fixados em grades da estrutura instaladas na usina, com o intuito de obter dados reais para compará-los com os dados dos simuladores.
Pesquisadores do IPT que participam do projeto de pesquisa apresentaram dois trabalhos associados ao log boom de Santo Antônio na 30ª Conferência Americana de Tanques de Reboque, realizado entre 3 e 5 de outubro em Montgomery County, nos Estados Unidos. Um dos trabalhos busca desenvolver e validar um método numérico baseado em um software que simula os impactos da água na estrutura. O outro faz uma análise dos ensaios no tanque de prova para entender melhor os efeitos da movimentação provocada pela água no log boom.
No período de cheia do Madeira, a quantidade de sedimentos trazidos desde a Cordilheira dos Andes – onde nasce o rio – pode chegar a 9 mil troncos por dia, alguns chegando a medir 20 metros de comprimento e 2 metros de diâmetro. Esse material flutuante desce naturalmente no curso do rio até a área da usina, localizada a apenas sete quilômetros de distância da capital de Rondônia, Porto Velho. Por ter essa característica peculiar, a construção de Santo Antônio apresentou-se como um grande desafio técnico de engenharia.