Procobre quer aumentar número de indústrias com certificação ISO 50.001

A eficiência energética na indústria brasileira está prestes a subir mais um degrau. Uma iniciativa liderada pelo Instituto Brasileiro do Cobre, Eletrobras e Senai-SP está buscando aumentar o número de unidades certificadas com a norma ISO 50.001, que trata de melhorias no desempenho energético. Até meados de 2018, nove grandes indústrias – Baxter, Bemis, Cecil, Coca-Cola Femsa, Ficosa, L’Oreal, Plastifluor, Termomecânica e Thyssenkrupp – terão concluídos as etapas necessárias para obter o certificado. “A ideia foi que buscássemos algumas indústrias de peso em alguns setores, para que elas pudessem mostrar os resultados da norma no mercado, incentivando outros a fazer o mesmo”, explica Glycon Garcia, diretor executivo do Procobre.

O diretor da Procobre conta que o movimento partiu quando a associação, que foi uma das condutoras do processo de certificação no Brasil e no mundo, viu que o número de indústria brasileiras que eram certificadas estava muito baixo do internacional. Enquanto no mundo, são cerca de 12 mil empresas, o Brasil tem apenas 30. O processo de seleção reuniu cerca de 80 empresas interessadas na certificação, de onde restaram as nove participantes do programa. Algumas indústrias tinham a eficientização como meta, o que acabou por trazer a certificação ao seu encontro.

O processo de obtenção é semelhante ao de outras, como a ISO 9.001 e ISO 14.000. Segundo Garcia, essa norma tem inovações, como a busca por uma melhora contínua dos sistemas de energia. “Ela tem que continuar buscando a economia para mante certificada”, ressalta. Ainda segundo Garcia, o trabalho mais significativo no processo de certificação é o diagnóstico energético e o mapeamento do seu sistema de energia, de modo que seja possível identificar aonde serão feitas as ações de eficiência. A eficiência energética já é um conceito que está difundido na indústria, uma vez que o consumo é uma das suas principais despesas as a busca pela certificação trouxe melhorias às práticas. “Muitas empresas já tinham um trabalho, mas o sistema organiza tudo e coloca de forma própria para fazer uma gestão adequada da energia”, avisa.

A Baxter, da indústria farmacêutica, vai ser a primeira concluir o processo de certificação em 2018. Elogiando a parceria com a Procobre, a Eletrobras e o Senai, a empresa já possuía um programa de conservação de energia desde 1997. De acordo com a empresa, o maior desafio no processo foi a adequação de práticas de gestão interna com a norma e o desenvolvimento de um sistema de gestão completo em toda a organização, dentro dos prazos acertados para a auditoria da certificação. A Baxter já possui um programa mundial de sustentabilidade e a obtenção da ISO 50.001 premia os seus esforços.

A empresa recebeu assessoria do Senai e do Procobre para obter a certificação, além da auditoria interna pelo Eletrobras, que atuou em revisão antecipada antes da auditoria. A iniciativa da Procobre é vista com bons olhos pela Baxter, que acredita que para o tema da eficiência energética ser tratado de modo mais intenso na indústria, são necessários esforços em capacitação de mão de obra técnica nos projetos de conservação de energia; incentivo do governo, por meio de linhas de crédito atrativas para investir em eficiência e educação, para que os empresários os benefícios da implementação de um sistema de gestão de energia.

A expectativa da Procobre é que o interesse pela certificação aumente não só nos segmentos em que há indústrias participando da iniciativa, mas que ele vá além. Empresas do setor hospitalar e de transporte já demostraram ao Senai vontade de também se certificarem. Segundo Garcia, a Federação das Indústrias de São Paulo será uma das responsáveis pela divulgação do êxito das empresas certificadas e outras federações devem participar também. Segundo ele, a participação da Eletrobras na certificação vai fazer com que a iniciativa ultrapasse as fronteiras paulistas, alcançando outras regiões. “As empresas vão se interessar cada vez mais e com a ajuda das federações das indústrias, acredito que o processo vai deslanchar”, conclui.