A agência de classificação de risco Fitch Ratings atribuiu nesta segunda-feira, 23 de outubro, o Rating Nacional de Longo Prazo ‘AA-(bra)’ (AA menos (bra)) à proposta de terceira emissão de debêntures quirografárias da Copel GT, no montante de R$ 1 bilhão e com prazo de cinco anos. Os recursos da emissão, que será realizada em série única e garantida pela Copel, deverão ser utilizados para o refinanciamento da dívida da emissora, incluindo o resgate antecipado integral de sua segunda emissão de notas promissórias, bem como para o reforço do capital de giro. A perspectiva do rating é estável.
Os ratings da Copel e de suas subsidiárias refletem seu apoio a forte geração de fluxo de caixa das operações (CFFO) e na adequada flexibilidade financeira do grupo, que tem comprovado acesso ao mercado de capitais. No entanto, a alavancagem financeira do grupo tem aumentado gradualmente, em consequência de um programa de investimentos mais intenso e da maior distribuição de dividendos.
Pelas projeções da Fitch, a alavancagem líquida ajustada consolidada se posicionará acima de 3,5 vezes nos próximos três anos, com pico entre 4,5 vezes e 5,0 vezes em 2017. Além disso, o grupo apresentou significativa deterioração de sua liquidez, com baixo volume de caixa e aplicações financeiras em relação à elevada dívida de curto prazo. O grupo possui vencimentos de R$ 4,3 bilhões até o final de 2018, que correspondiam a 46% da dívida consolidada total ao final de junho de 2017. A emissão de debêntures proposta deverá contribuir para a melhora deste cenário.
A análise reflete, ainda, a atuação do grupo como empresa integrada de energia, com importantes ativos de geração, transmissão e distribuição. A Fitch avalia o perfil de crédito da empresa em bases consolidadas, contemplando a existência de cláusulas de cross default em algumas dívidas das empresas do grupo, e considera, principalmente, o risco de crédito de suas duas principais subsidiárias: Copel Distribuição e Copel GeT. A diversidade de segmentos e de ativos beneficia a Copel, pois mitiga possíveis riscos operacionais.
Os ratings da Copel consideram o risco político, decorrente de seu controle acionário público. Este risco é evidenciado pelo histórico negativo de diferimentos parciais de reajustes tarifários da Copel Distribuição e, mais recentemente, pela elevação do pay-out na distribuição de dividendos referente ao exercício de 2016, contrariando a recomendação da diretoria da companhia. As classificações contemplam o moderado risco regulatório do setor elétrico brasileiro e o risco hidrológico inerente ao negócio. A Fitch também acompanha os potenciais impactos negativos do ainda desafiador cenário macroeconômico brasileiro nos índices de perda e inadimplência, embora haja expectativa de leve recuperação da demanda de energia na área de concessão da distribuidora a partir de 2017, após dois anos de queda.
A Fitch acredita que a Copel manterá, em bases consolidadas, relação dívida líquida ajustada/EBITDA superior a 3,5 vezes nos próximos três anos. A alavancagem financeira líquida do grupo, apurada segundo critérios da agência, deverá ser de 4,5 vezes a 5,0 vezes em 2017 e acima de 3,5 vezes até 2019. A dívida total ajustada incorpora a garantia de R$ 1,5 bilhão oferecida pelo grupo a projetos dos quais participa e não consolida em seus demonstrativos financeiros. Em seu cenário-base, a Agência contempla apenas a atual carteira de investimentos em desenvolvimento.
O fluxo de caixa livre (FCF) consolidado deve permanecer negativo nos próximos dois anos. Em 2017, estão previstos investimentos em torno de R$ 2,3 bilhões, incluindo aportes em projetos não consolidados nas demonstrações financeiras, alocados principalmente nos segmentos de geração e transmissão, e a expectativa é de que o FCF seja negativo em R$ 1,8 bilhão.
A Fitch estima um fortalecimento na geração operacional de caixa da Copel Distribuição nos próximos anos, em decorrência da aplicação do quarto ciclo de revisão tarifária, vigente a partir de junho de 2016. A revisão elevou o EBITDA regulatório da companhia para R$ 1,0 bilhão, cerca de R$ 300 milhões acima do auferido no último ano do ciclo anterior, embora a empresa deva continuar apresentando EBITDA efetivo inferior ao EBITDA regulatório.
O grupo Copel tem como grande desafio melhorar o insatisfatório desempenho neste segmento. A distribuidora precisa atingir níveis de eficiência operacional e de rentabilidade superiores aos apresentados nos últimos anos, a fim de se aproximar dos parâmetros regulatórios. Em 2016, a Copel Distribuição reportou EBITDA de BRL117 milhões, frente a R$ 308 milhões em 2015. No período de 12 meses encerrado em junho de 2017, o EBITDA da distribuidora atingiu R$ 520 milhões, já refletindo um ano completo desde a revisão tarifária. Mesmo apresentando significativa evolução frente aos resultados reportados recentemente, o EBITDA da companhia ainda se compara desfavoravelmente ao EBITDA regulatório.