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A ano de 2017 está para entrar para a história do setor elétrico, porém, pelo aspecto negativo. O Brasil deve terminar o ano com apenas 16% de energia armazenada no Sistema Interligado Nacional (SIN), isso considerando a água existente e a que chegará nos reservatórios das hidrelétricas de todo país até 31 de dezembro. Caso esse cenário se concretize, o nível de armazenamento do SIN ficará 7,2 pontos percentuais abaixo do projetado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) no início do ano. Em dezembro de 2016, o pior da história até o momento, o nível de armazenamento do SIN bateu 23,2%.

A situação é preocupante porque a fonte hídrica é responsável por mais de 60% do suprimento elétrico do país. Sem as hidrelétricas, o país precisará aumentar o acionamento de usinas termelétricas, que são mais caras e mais poluentes. A consequência disso é uma maior pressão nos custos globais do setor elétrico. Desde junho o Brasil vem aumentando gradualmente o despacho térmico. Em outubro, o país despachou 14,8 GW médios de energia térmica. Esse volume deve permanecer até o final de dezembro, segundo a CCEE.

A irregularidade do volume de chuvas explica a atual situação do sistema elétrico nacional, com hidrologias abaixo da média história em vários meses. O quadro abaixo mostra em azul (por subsistema) os meses em que a hidrologia foi acima da média em 2017.

Com o atraso do período úmido, a expectativa é que os reservatórios comecem a se recuperar a partir de janeiro. A CCEE projeta que energia armazenada no Sistema Interligado Nacional deverá atingir o máximo de 48% em maio de 2018, terminando o ano em 24%, isso considerando a manutenção do despacho térmico por ordem de mérito.

Nesta segunda-feira, 30 de outubro, o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, comentou que o governo poderá autorizar o acionamento de termelétricas fora da ordem de mérito com objetivo de preservar mais água nos reservatórios. “[O despacho térmico fora da ordem de mérito] está sendo cogitado, mas ainda não foi decidido. A gente tem sim, de fato, uma preocupação com a situação. Temos alertado há muito tempo que não há um risco mais severo de desabastecimento, porém haverá, como já está havendo, um impacto nas tarifas dos consumidores por conta não só das bandeiras, mas também da não configuração do período chuvoso como se esperava”, comentou Coelho Filho, durante rápida entrevista à imprensa durante participação na “Brazil Energy and Power”, conferência promovida pela Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro.

A situação mais crítica continua sendo o Nordeste, que só não enfrenta um racionamento de energia em razão da boa produção das usinas eólicas. A CCEE estima que o Nordeste atingirá um armazenamento máximo de 21% em abril 2018, com previsão de terminar o ano em 2%. O Sudeste deve começar o ano em 19%, subindo para 52% em junho e terminando em 28% em dezembro. O Sul deve atingir o máximo de 80% em maio, chegando em dezembro com 50% de armazenamento. Já o Norte deve alcançar 70% de EARmáxima, terminando o ano em 14%.

 

As informações da CCEE foram divulgadas nesta segunda-feira, 30 de outubro, pela equipe gestão de preços, durante transmissão ao vivo do InfoPLD mensal.