A Moody’s América Latina rebaixou, de B2 para B3 (escala global) e de B1.br para Ba2.br (escala NSR), os ratings corporativos atribuídos à Cemig e às suas subsidiárias de distribuição e transmissão. Além disso, a agência de classificação de risco colocou em revisão para rebaixamento as notas de crédito da estatal mineira. De acordo com avaliação a Moody’s, o rebaixamento reflete o progresso limitado na execução do plano de refinanciamento, incluindo a proposta de emissão de US$ 1 bilhão em eurobonds diante do vencimento de dívidas de R$ 3,3 bilhões até dezembro de 2017.
“A posição de liquidez da companhia se deteriorou, como exemplificado pela postergação, por 60 dias, de R$ 459 milhões em dívidas com o Banco do Brasil com vencimento em outubro de 2017, acompanhado de maiores custos financeiros e covenants mais rígidos. Os ratings levam em consideração, contudo, a posição de mercado ainda sólida e a carteira de ativos da companhia, bem como a estrutura de capital e os níveis de alavancagem que fornecem a base para execução do plano de financiamento”, afirma a agência em nota divulgada na última terça-feira, dia 31 de outubro.
Embora ressalte que os atuais ratings corporativos B3/B2.br tenham o suporte da sólida posição de mercado e relevância econômica da Cemig como uma das maiores companhias integradas de energia do Brasil, a Moody’s reforça que as notas refletem a aplicação da análise de probabilidade de default para emissores relacionados a governos – neste caso, o estado de Minas Gerais. A metodologia de GRI da Moody’s considera fatores como a moderada probabilidade de suporte por parte do estado caso a Cemig sofra estresse financeiro e a expectativa de elevada dependência entre a companhia e o estado.
A Cemig discute com bancos credores o refinanciamento de cerca de R$ 3,6 bilhões em dívidas. No dia 16 de outubro, a companhia anunciou a postergação por 60 dias do pagamento de R$ 549,1 milhões em dívidas da Cemig GT com o Banco do Brasil, que tinham vencimentos em outubro. O adiamento foi acompanhado por um aumento das taxas de juros e por uma cobrança de tarifa de 0,5% sobre uma parcela de R$ 150 milhões – o que, na visão da Moody’s, exemplifica condições de liquidez preocupantes. A postergação visa dar mais tempo para o fechamento de acordos com os bancos credores.
Paralelamente, a empresa negocia o adiamento parcial de uma obrigação de aproximadamente R$ 1,6 bilhão com bancos locais, com vencimento em novembro, relacionada a um contrato de opção de venda de ações da Light. Há uma expectativa de que pelo menos R$ 600 milhões sejam pagos através da venda de ativos. No último dia 26 de outubro, a Cemig anunciou um aumento de capital que pode levantar até R$ 1,3 bilhão. A oferta se aplica àqueles que já têm ações da empresa. Não havendo subscrição integral, será estendida ao mercado. A expectativa é concluir a emissão até o início de dezembro.