O Conselho de Administração da Eletrobras irá analisar, em reunião agendada para o próximo dia 24 novembro, a modelagem formatada pelo banco BTG Pactual para venda de participação em 77 Sociedades de Propósito Específico detidas pela companhia. Os ativos englobam 60 parques eólicos, somando capacidade instalada de 862 MW, e 17 linhas de transmissão totalizando 3.354 km. O valor contábil desses ativos, de acordo com o trabalho de preparação dentro do processo de negociação, é de cerca de R$ 4,6 bilhões, incluindo aí mais seis investimentos diretos feitos pela holding estatal.

Em entrevista coletiva concedida à imprensa nesta terça-feira (14) na sede da companhia, no Rio de Janeiro, o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr., explicou que as 77 SPEs a serem privatizadas compõem um total de 178 ativos deste tipo pertencentes atualmente à companhia. No caso das 101 restantes, segundo ele, 48 SPEs ficarão com a Eletrobras e outras 15 delas deverão passar por um processo de incorporação – sendo que, na grande maioria destas, a holding já é majoritária. As demais 38 SPEs, de acordo com o executivo, ou serão dissolvidas ou eliminadas.

“São ativos que têm um appeal. Muitos investidores estão migrando para essas áreas de negócios, basta ver os resultados dos últimos leilões de transmissão e toda a expectativa que se tem com os de geração. São ativos que estão 100% prontos, operando, performando, dando resultado. Então acreditamos que o interesse do mercado será bastante grande”, avaliou o executivo. Após a apreciação da modelagem pelo Conselho de Administração, será aberto um data room para detalhamento do processo aos interessados. Ele garantiu que a venda das 77 SPEs ocorrerá ainda em 2017.

Privatização das distribuidoras

O executivo confirmou “para os próximos dias” a abertura, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, do data room de privatização das seis distribuidoras que atendem aos estados de Acre, Alagoas, Amazonas, Piauí, Rondônia e Roraima. Mesmo com a concretização da venda prevista para abril de 2018, a Eletrobras dará baixa contábil desses ativos em 31 de dezembro, saindo também da gestão operacional das concessionárias. Pelo modelo, a Eletrobras assumirá R$ 11 bilhões em dívidas dessas empresas, que receberão investimentos de R$ 2,4 bilhões dos novos controladores.

Segundo o executivo, o trabalho de modelagem de venda das concessionárias – baseada na precificação de cada uma em apenas R$ 50 mil – foi criativo, considerando os quadro financeiro e operacional de cada uma delas. “É muito pegar uma empresa no estado em que essas estão e atrair interesse. O trabalho que modelou essa privatização foi muito bem feito, com inteligência”, disse o executivo, que considera o investimento nas distribuidoras atraem do ponto de vista de possibilidades de crescimento de pontos como base de clientes e eficiência operacional, além da redução de perdas comerciais.