A Associação Brasileira de Energia Nuclear divulgou nesta semana um manifesto público em defesa da retomada da construção da usina nuclear de Angra 3, cujas obras estão paradas à espera de definições regulatórias, econômicas e comerciais em torno do modelo de negócio. A entidade, que sediou em Belo Horizonte no último mês de outubro a oitava edição do “International Nuclear Atlantic Conference – INAC 2017”, teme que a interrupção do projeto impacte diretamente na oferta nacional de energia elétrica, em um momento em que o país atravessar forte crise de hidrologia, limitando a geração hidrelétrica.
“A paralisação das obras da usina de Angra 3 e a possibilidade de sua não entrada em operação poderá agravar, ainda mais, a crise do setor elétrico brasileiro, tendo em vista que a energia a ser gerada pela central geradora agregaria uma oferta firme de quase 1.500 MW, no centro de carga do país, aliviando os reflexos dos baixos níveis de armazenamento dos reservatórios de usinas hidrelétricas e, provocando, em consequência, o despacho de usinas térmicas com elevadíssimos custos operacionais e gravíssimos impactos ambientais”, analisa a presidente da Aben, Olga Simbalista, que assina a carta pública.
Entre as medidas que a associação espera ver destravadas com soluções em torno do atual impasse que envolve o empreendimento está a suspensão do pagamento da dívida da Eletronuclear junto ao BNDES, até seis meses após a entrada em operação comercial de Angra 3; blindagem das receitas oriundas das operações de Angra 1 e Angra 2 das dívidas de Angra 3; definição da retomada da construção de Angra 3 no âmbito do Conselho Nacional de Política Energética, assim como de novas plantas nucleares; e definição de modelagem para uma eventual parceria internacional para concluir a construção de Angra 3.
De acordo com a Aben, “as medidas são fundamentais para garantir a existência de uma fonte de geração limpa, operando na base do Sistema Interligado Nacional, com baixo custo de combustível, visando complementar a geração de energia elétrica por fontes hídrica e novas renováveis, compensando suas características intermitentes, bem como para mitigar a diminuição dos volumes dos reservatórios de usinas hidrelétricas”. Ainda no manifesto, a associação ressalta que “a manutenção da fonte nuclear na matriz elétrica do país é fundamental para a segurança energética e para os setores estratégicos do país”.