A classificadora de risco Fitch anunciou nesta sexta-feira (24) o rebaixamento de estável para negativa da perspectiva dos IDRs (ratings de probabilidade de inadimplência do emissor) de longo prazo, em moedas estrangeira e local, da Eletrobras e de Furnas. Os IDRs agora são avaliados em “BB-“. A agência revisou a perspectiva das estatais de estável para negativa, alegando que o aumento do suporte do governo à Eletrobras poderá não ocorrer, considerando o cenário de privatização por meio de diluição da participação acionária. Os ratings nacionais de longo prazo de Eletrobras e Furnas foram afirmados em “‘AA-(bra)”.
Diante da possibilidade de o suporte governamental não se concretizar, a Fitch considera mais apropriada a diferença de um grau entre o IDR soberano do Brasil (“BB”, com perspectiva negativa) e o da Eletrobras. “Isto significa que as mudanças no IDR soberano ou em sua perspectiva devem desencadear a mesma ação de rating na Eletrobras, a fim de manter a diferença nos IDRs. Na opinião da Fitch, a privatização da Eletrobras seria potencialmente positiva para a empresa, mas, devido às elevadas incertezas no processo, a agência não incorporou este evento aos ratings”, informou a companhia, em nota.
Nos últimos dois anos, destaca a Fitch, o governo realizou aportes de capital de R$ 2,9 bilhões, apoiou a redução de custos e investimentos e aumentou, por meio do Tesouro Nacional, sua participação como garantidor de créditos para cerca de 30% do total da dívida consolidada no balanço. Os bancos federais são a contraparte de 38% da dívida do grupo. A agência destacou como “positivas” as iniciativas da atual administração da Eletrobras para reduzir custos e investimentos, além da venda de ativos para melhorar a estrutura de capital do grupo, embora considere que a melhora da situação da holding levará tempo.
“A agência considera positivo o fato de as subsidiárias da Eletrobras não terem participado dos recentes leilões de transmissão e geração promovidos pelo governo”, diz a Fitch, prevendo que fluxo de caixa livre da estatal permanecerá negativa, mesmo com a redução do plano de investimentos de R$ 35,8 bilhões entre 2017 e 2021. Por outro lado, a agência espera uma melhora na geração de caixa, com o EBITDA atingindo a média anual de R$ 5 bilhões de 2017 a 2019 – considerando a entrada de caixa proveniente das receitas de compensação das concessões de transmissão renovadas no início de 2013.