A agência de classificação de risco Fitch afirmou o Rating Nacional de Longo Prazo ‘AA-(bra)’ (AA menos (bra)) da Elektro Redes com Perspectiva Estável.

O rating da distribuidora reflete o perfil de crédito consolidado do grupo Neoenergia, que se beneficia de sua destacada posição de mercado e na sua base de ativos de distribuição e geração de energia elétrica, que contribui para a maior diversificação da robusta geração de caixa operacional e para diluir riscos operacionais. Neste sentido, os investimentos em transmissão de energia em curso possibilitarão reforçar este segmento de atuação, ainda pouco representativo para o grupo e que apresenta o menor risco do setor. O rating também contempla a gradual redução da alavancagem financeira consolidada para patamares mais moderados, apesar da projeção de fluxo de caixa livre (FCF) negativo até 2020. Esta redução deverá ser concretizada a partir de resultados positivos das revisões tarifárias de algumas de suas distribuidoras e por meio de um ambiente macroeconômico mais favorável ao aumento do consumo de energia em suas áreas de concessão.

A Fitch espera que o grupo Neoenergia reduza paulatinamente sua alavancagem financeira líquida. Segundo projeções da agência, a mesma deve permanecer em patamares moderados entre 3,0 vezes e 4,0 vezes e entre 4,0 vezes e 5,0 vezes quando incorporada à dívida as garantias dadas a ativos não-consolidados, que totalizavam R$ 4,4 bilhões ao final de setembro de 2017. No período de 12 meses encerrado em 30 de setembro de 2017, os índices dívida líquida/EBITDA e dívida líquida ajustada/EBITDA eram de 3,5 vezes e 4,5 vezes, respectivamente. Estes indicadores foram calculados em bases pro forma, incorporando os últimos 12 meses do EBITDA da Elektro Redes na Neoenergia, uma vez que a empresa passou a fazer parte do grupo apenas em agosto de 2017.

A expectativa da Fitch é de que o FCF consolidado permaneça negativo até 2020, com R$ 1,8 bilhão em 2017 e pico de R$ 2,6 bilhões em 2018. A proximidade da revisão tarifária de três concessionárias de distribuição do grupo eleva a demanda por investimentos ao longo de 2017 e 2018, com contrapartida de incremento de geração de caixa operacional nos anos subsequentes. A mesma demanda por maiores investimentos já vem ocorrendo desde 2016, associada à revisão tarifária da quarta distribuidora do grupo, a Celpe, concluída em abril de 2017. A Fitch também considera positivo o fato de o grupo possuir um histórico de robusto fluxo de caixa das operações (CFFO), com R$ 2,0 bilhões no período de 12 meses encerrado em setembro de 2017. Após investimentos de R$ 2,7 bilhões e pagamento de dividendos de R$ 58 milhões, o FCF ficou negativo em R$ 1,6 bilhão.

Para a Agência, o grupo tem o desafio de melhorar significativamente o perfil de vencimento de sua dívida, de modo a reduzir a concentração no curto prazo. Em 2018, o grupo precisará fazer frente a R$ 6,5 bilhões de dívidas vencendo, equivalentes a 39% do total, além de precisar levantar recursos adicionais para promover seu planos de investimentos. O cenário-base da Fitch não incorpora a entrada de recursos de aproximadamente R$ 1,0 bilhão proveniente do processo de abertura de capital e, embora avalie positivamente, considera o montante insuficiente para mitigar consideravelmente as pressões de refinanciamento até o final de 2018.

Apesar de ainda pressionado, o grupo trouxe seu perfil de liquidez para patamares mais satisfatórios ao longo de 2017, a partir de novas dívidas para financiar as obrigações com vencimento a curto prazo, além de ter sido beneficiada pela incorporação do grupo Elektro, de perfil financeiro mais favorável. Em 30 de setembro de 2017, o caixa e as aplicações financeiras consolidadas, de R$ 4,4 bilhões, da Neoenergia cobriam de forma satisfatória, em 0,8 vez, a dívida de curto prazo de R$ 5,5 bilhões. A avaliação incorpora a manutenção da elevada flexibilidade financeira do grupo, com acesso amplo a instituições financeiras e um dos maiores emissores de dívidas no setor elétrico brasileiro.