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A venda do parque eólico Ventos do Araripe 3 (PI – MW) para a joint-venture recém-formada pela Votorantim Energia e o fundo Canada Pension Plan Investment Board não significou um recuo da Casa dos Ventos no setor eólico, mas sim um reposicionamento para novos desafios. De acordo com Lucas Araripe, diretor de novos negócios da Casa dos Ventos, a sinalização de retomada do crescimento e dos leilões, culminou com a decisão de vender o parque. “Esse movimento é uma preparação para um ciclo novo, a gente desinveste e recicla o capital, para conseguir ter capacidade de investimento e nos mantermos relevantes nos próximos leilões”, afirma.

A Casa dos Ventos é uma das maiores desenvolvedoras de projetos eólicos e nos últimos dois anos colocou em operação 1,1 GW, que representaram cerca de R$ 6,5 bilhões em investimentos nos estados de Pernambuco, Ceara e Piauí. Em 2016, ela vendeu o parque Ventos de Santa Brígida, (PE -182 MW), e Ventos do Araripe I (PI – 210MW). para a operadora Cubico. Ano passado, foi a vez da venda Ventos de São Clemente (PE – 216 MW) e Ventos de Tianguá (CE – 130 MW), situado no Ceará, desta vezar ao fundo inglês Actis. Com a venda de Ventos do Araripe, a empresa fica sem ativos operacionais, mas ainda tem um pipeline de 15 GW para o futuro. “Conseguimos provar ao mercado nossa capacidade de entregar mais de 1.000 MW em tempo reduzido, no prazo. Foi um grande feito o que a gente fez”, aponta.

A empresa se prepara para participar dos leilões A-4 e A-6, que serão realizados na próxima semana. Araripe acredita que o leilão A-4 – em que a Casa dos Ventos poderá participar com projetos na Bahia e no Ceará – será de baixa demanda e ainda haverá a disputa com os projetos solares. Já no A-6, ele prevê uma disputa maior, por ter maior demanda e pela presença de térmicas a gás, que são empreendimentos de grande porte. Nesse leilão, o projeto a ser viabilizado fica localizado no Rio Grande do Norte.

Embora com o caixa reforçado, Araripe lembra que apenas isso não garante a viabilização das usinas no certame, já que para isso vai depender o equacionamento do retorno financeiro. “Não quer dizer que por termos o recurso necessariamente precisa ganhar o leilão a qualquer custo. Ele nos habilita para participar e vamos ver se tem viabilidade econômica com os preços atingidos”, avisa.

O período que o setor eólico ficou sem leilão influenciou para que a figura dos compradores de ativos eólicos aparecesse com mais força, na opinião do executivo. “A partir do momento em que os leilões ficam menos frequentes, deriva para aquisição de ativos operacionais”, frisa. A Casa dos Ventos ainda estuda o melhor modelo de financiamento, podendo optar pelo internacional, que lhe permite comprar máquinas mais modernas ou o o nacional, que  exige o conteúdo local, porém dá mais prazo para o financiamento.