A compra de 14,5% do capital social total da Celesc por R$ 230 milhões feita pela EDP na última terça-feira, 19 de dezembro, não avaliou apenas as vantagens técnicas e econômicos da operação. De acordo com o CEO da empresa, Miguel Setas, no caso de uma possível privatização da empresa catarinense, a EDP teria uma posição privilegiada. “Dá oportunidade para o futuro em uma eventual reestruturação societária”, afirmou o executivo em conferência para analistas de mercado.
O executivo conta que a compra dessa participação, que estava em poder da Previ, foi bastante analisada pela empresa, que preteriu a compra da Light (RJ) e das distribuidoras da Eletrobras, por julgar o investimento na Celesc mais vantajoso nos aspectos econômico e estratégico. Ele considera a Celesc uma empresa boa, mas subavaliada. “Há um racional econômico que se sustenta por si e vai render dividendos altos e uma eventual reestruturação vai melhorá-la mais ainda”, revelou Setas.
A operação será feita em duas etapas. A primeira fase dessa operação vai consistir na compra de até 33,1% do capital votante, acrescido de 14,5% do capital social da Celesc. Já a segunda, será realizada uma oferta pública voluntária para aquisição de até 32% dos papéis preferenciais da Celesc por até R$ 199 milhões. Daí a EDP vai ter uma participação total de até 33,6% do capital social da Celesc por até R$ 429 milhões. Dos 13 assentos no board da Celesc, a EDP deverá ocupar quatro deles.
O investimento na Celesc sinaliza uma nova fase na expansão da EDP, que após investir forte na geração nos últimos anos, se volta para a transmissão e a distribuição de energia. “A transação vai reforçar a aposta nas redes reguladas, aonde tem maiores oportunidades e retornos”, aponta. As empresas já têm em parceria um lote arrematado em leilão de transmissão, que vai demandar investimentos de R$ 1,2 bilhão.
Foi dessa parceria que nasceu o interesse em comprar a participação da Previ. Setas elogiou o estado da região Sul, lembrando que ele tem grande potencial de crescimento. “Dá segurança para fazer o investimento”, revela. Ele acredita que a EDP poderá ajudar a Celesc com a sua expertise em perdas de energia, redução e otimização de custos e investimentos em tecnologia. A EDP também espera crescer na área de comercialização e dos serviços, em especial a Geração Distribuída fotovoltaica.