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As estratégias de financiamento desenhadas pelos empreendedores explicam os altos deságios verificados no leilão de geração energia elétrica realizado nesta quarta-feira, 20 de dezembro, em São Paulo. A conclusão é do diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Reive Barros, em seu ato de despedida da agência reguladora do setor elétrico.

“O deságio pode ser explicado de várias maneiras, mas no caso das renováveis, a engenharia de financiamento foi decisiva na formação de preço por parte dos investidores”, disse Barros a jornalistas. A disputa terminou com a contratação de 63 novas usinas, ao custo médio de R$ 189,45/MWh, o que representa um deságio de 38,70% e uma economia de R$ 68,4 bilhões para os consumidores brasileiros de energia.

A fala do regulador recebeu o apoio de Luiz Barroso, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Ele explicou que os agentes estão reduzindo a dependência de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) através de estratégias criativas de financiamento, que passa pela busca de recursos no mercado de capitais e de capital estrangeiro. “Vemos uma criatividade muito maior na estruturação dos projetos”, reforçou o planejador. A participação de fabricantes como sócios nos projetos também pode ter influenciado na redução dos preços.

Os novos empreendimentos de geração precisam entrar em operação em 1º de janeiro de 2023. A expectativa é de que R$ 13,9 bilhões sejam investidos na construção dessas plantas que vão adicionar 3.841 MW de capacidade instalada na matriz energética.

Reive disse ainda que a Aneel acompanhará de perto a evolução desses projetos, porém destacou que a maioria das empresas vencedoras são tradicionais no setor elétrico e, portanto, o resultado do leilão “dá certo conforto” para o regulador. “Agora, a nossa grande preocupação é fazer a gestão dos contratos para garantir a construção dos empreendimentos.”

O diretor de assuntos econômicos do Ministério de Minas e Energia (MME), Igor Walter, destacou a contratação de duas térmicas a gás natural, que representam 2.140 MW de capacidade adicional no principal centro de carga do país, o Sudeste. As térmicas serão implantadas no Rio de Janeiro.

Com o sucesso dos três leilões de energia realizados neste mês (dois de geração e um de transmissão), o governo conseguiu atrair R$ 27 bilhões em novos investimentos para o setor elétrico. “Isso demonstra que o ambiente de negócio está melhor e que há interesse de investidores tanto no setor de transmissão quanto no de geração”, disse. “O setor elétrico é a mola propulsora do desenvolvimento do país e vai gerar emprego e renda em diversos estados, nas quatro regiões do Brasil”, completou Walter.

Além das térmicas, comercializaram energia 49 parques eólicos, seis pequenas centrais hidrelétricas e seis usinas a biomassa. A fonte eólica fechou com preço médio de R$ 98,62/MWh, representando um deságio de 64,27% frente ao teto de R$ 276/MWh. A biomassa terminou com deságio 34,10%, preço médio R$ 216,82/MWh. Gás natural apresentou deságio de 33,08%, a R$ 213,46/MWh. A fonte hídrica ficou cotada a R$ 219,20/MWh, deságio de 22%.

Saíram vencedores da disputa empresas tradicionais como a EDP Renováveis, Força Eólica (Neonergia), Omega, Voltalia e Enel Green Power. Participaram como compradora 25 distribuidoras, com destaque para Copel, Coelba, Cemig, Elektro e Energisa MT, o que sinaliza que o problema da sobrecontração de energia está resolvido no futuro.

O leilão começou às 9h, teve duração de mais de 2h, e foi operacionalizado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), em São Paulo. Foram cadastrados na disputa 1.092 projetos de geração, totalizando 53.424 MW de potência instalada.

A coletiva de imprensa sofreu atraso por causa de um grupo de ativistas, que são contra a expansão de fontes fósseis de energia, como o carvão e o gás natural. Porém, os representantes da 350.0rg Brasil e da Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima (Coesus) foram impedidos de participar da conversa.