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O resultado do leilão A-6, que teve como principais vencedores empreendimentos eólicos e termelétricas a gás, foi considerado decepcionante por investidores associados à Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas e de Centrais Geradoras Hidrelétricas. Eles ficaram “perplexos e desapontados”, na definição do presidente executivo da AbraPCH, Paulo Arbex, principalmente com a contratação de apenas 2,5%, ou 76,5 MW médios de um total de 2.930 MW médios negociados no certame.

Realizado na quarta-feira, 20 de dezembro, o A-6 contratou energia de 63 novos empreendimentos de geração com potência instalada total de 3.841 MW e investimentos previstos R$ 13,9 bilhões. A lista inclui 49 usinas eólicas com 1.386 MW; seis PCHs com 139 MW; seis termelétricas a biomassa com 177,05 MW e duas térmicas a gás com 2.138 MW. O preço médio ficou em R$ 189,45/MWh, com deságio médio de 38,7%. As térmicas a carvão ficaram fora da disputa por problemas de acesso a financiamento.

Um ponto negativo destacado por Arbex foi a concentração da energia contratada em térmicas fósseis movidas a gás aparentemente importado. Essas usinas, lembra o executivo, representam 65% do total negociados, ou 1.968MW médios.

“Neste momento em que o Brasil está com 13 milhões de trabalhadores desempregados e desesperançados, nos parece que teria sido mais apropriado contratar um pouco mais de centenas de PCHs, que não precisam de um único parafuso importado para serem construídas e sustentam milhares de micro, pequenas e médias empresas; e um pouco menos de térmicas a gás, que tem alto conteúdo importado, dão oportunidade a poucas grandes empresas e queimam combustível fóssil importado”, reclamou o executivo.

Para o dirigente, a contratação de mais energia hidrelétrica resultaria também em benefícios ambientais, pois as térmicas a gás emitem 115 vezes mais gases de efeito estufa que as PCHs. Ele pontua que as emissões do setor elétrico cresceram 700%, quando deveriam ser reduzidas em 37% para cumprir os compromissos assumidos pelo Brasil na COP 21, a conferência das Nações Unidas sobre o clima que aconteceu em Paris em dezembro de 2015.

Consumidores

Assim como as distribuidoras, que conseguiram atender a demanda prevista para 2023 no leilão A-6 a preços competitivos, no segmento de consumo a avaliação sobre os dois leilões de energia nova realizados em dezembro é centrada nos benefícios que os descontos oferecidos pelos competidores podem trazer com a redução no valor dos contratos. O presidente da Associação Nacional dos Consumidores de Energia, Carlos Faria, afirma que os deságios do A-4 e do A-6 “representarão uma economia significativa para os consumidores de energia ao longo da duração dos contratos.”

Faria também avalia que as novas linhas de transmissão licitadas no último dia 15 vão ajudar no escoamento da energia da hidrelétrica de Belo Monte, mas também  deverão atender a expansão das fontes renováveis. Para o dirigente da Anace, os resultados positivos dos últimos leilões mostram  confiança do investidor na retomada da economia.