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Dois propósitos moveram a ação do governo ao promover o Leilão A-6 no último dia 20 de dezembro: reativar a indústria de equipamentos para a produção de energia eólica e contratar energia de empreendimentos a gás para atuar na base a preços competitivos, próximos aos centros de carga na região Sudeste. A avaliação é do presidente da Associação da Indústria de Cogeração de Energia, Newton Duarte, para quem o governo atendeu, de um lado, à demanda por incentivos aos parques eólicos e, de outro, fez a coisa mais importante em sua visão, que era conseguir contratar mais de 2 GW em projetos a gás natural.
“Ali ele trabalhou para si próprio e para o setor elétrico, na medida em que cria uma base para economizar água, e cria capacidade de atendimento de ponta em condições próximas às cargas, como na geração distribuída”, afirma o executivo. Duarte destaca a importância da usina térmica do Porto do Açu, a maior das duas contratadas, e lembra que o atendimento à demanda de pico vai ser uma questão difícil de ser resolvida nos próximos anos, com o aumento das temperaturas, a ampliação do uso da fonte solar e a incapacidade do país de armazenar água em reservatórios.
O Leilão A-6 contratou 2.930 MW médios de 63 novos empreendimentos de geração com um total de 3.841 MW de potência instalada. Desses, 49 são usinas eólicas (1.386 MW) e dois são térmicas a gás (2.138 MW) – uma localizada no Porto do Açu e outra em Macaé, também no estado do Rio de Janeiro. Seis pequenas centrais hidrelétricas (139 MW) e seis usinas a biomassa (177,05 MW) venderam quantidades menores de energia. O preço médio do certame ficou em R$ 189,45/MWh, com deságio médio de 38,7%. Térmicas a carvão não entraram na disputa.
Duarte destaca que os valores de contratação foram muito baixos, e, no caso da biomassa, entraram poucos projetos, a preços “de final de feira”. O mesmo aconteceu com as PCHs. “Para nós, da geração distribuída, fora essa questão do gás junto à carga, que é uma coisa positiva, em relação ao biogás, solar e biomassa, nada de espetacular foi feito, até porque não tem grandes demandas nas distribuidoras, que estão saindo de um período de sobrecontratação e ainda estão preocupadas por não terem certeza de que a demanda voltará a ser pujante”, afirma o executivo da Cogen.
Apesar disso, ele considera que o resultado do certame foi positivo. Em sua avaliação, o importante é que o patamar de preços esteja adequado a cada fonte. No caso da biomassa, embora os contratos negociados tenham ficado em pouco mais de R$ 200/MWh, o preço de referencia para a fonte era de R$ 329/MWh.
Newton Duarte diz que “é possível e inteligente” colocar energia de biomassa na base, e acredita que o governo poderia ter feito essa opção, diminuindo eólica e colocando algo na faixa de 300 MWmédios da fonte, para aproveitar a proximidade dos centros de consumo. O mesmo poderia ser feito com pequenas centrais hidrelétricas, que também garantem energia de base.
Ele acredita que a escolha do gás reflete a preocupação em garantir novos projetos termelétricos a custos “muitíssimos mais baixos” do que os atuais. Ele lembra que há três semanas foram acionadas termelétricas com Custo Marginal de Operação de R$ 1600/MWh. “Para você ver como nosso sistema está volátil, preocupante”, afirma. “Custos de U$ 500 MWh são proibitivos. Países que concorrem conosco fazem uso de usinas com custo de US$ 40, US$ 50, US$ 60 a hora, e nós com um custo dez vezes mais caro. Como vamos ter uma indústria competitiva, se um dos principais insumos são tão mais caros, ou se tornam tão mais caros em épocas de crise”?
Em relação ao Leilão A-4, que aconteceu dois dias antes, em 18 de dezembro, o presidente da Cogen disse que o certame teve demanda fraca, que poderia ter sido atendida no A-6. O governo, porém, “não quis entrar na celeuma depois do desgaste do cancelamento do Leilão de Reserva [em dezembro do ano passado], e preferiu manter [o leilão], ainda que fosse comprar pouca coisa no A-4″.