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O país poderá ver até quatro leilões de geração em 2018. Além do A-4 esperado para abril, outro para suprimento do estado de Roraima em março e de um A-6 para o segundo semestre de 2018, ainda é possível que seja realizado um leilão de fontes alternativas, que ainda não foi deliberado. Já em transmissão, a tendência é de ocorrer dois certames, um em cada semestre. Essas indicações foram apresentadas na reunião do Conselho Nacional de Política Energética do mês de dezembro de 2017.

A autorização para a realização do leilão para atendimento à região de Roraima, estado que vem sofrendo com falhas no fornecimento de energia principalmente por conta de interrupções na interligação Brasil-Venezuela, foi alvo de debate também pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, na sua reunião realizada em dezembro passado.

Na ocasião, o grupo autorizou a contratação de 70 MW em sistema de armazenamento de energia, com capacidade de 35 MWh. A forma de contratação e as especificações deverão ser detalhadas de modo a agregar também os benefícios de atendimento a parte da demanda, no caso de não haver suprimento por meio da Venezuela, e de compensar as variações de geração em usinas intermitentes.

Como solução de médio e longo prazo, foi proposto pelo CNPE a realização de leilão de novas fontes de geração com o objetivo de substituir os atuais contratos de geração emergencial, prover autonomia energética da região em relação à Venezuela, e garantir a segurança no atendimento a Roraima até a efetiva interligação ao Sistema Interligado Nacional. A capital Boa Vista é a única do país que ainda não está interligada ao SIN.

A previsão é que o Ministério de Minas e Energia publique a portaria com as diretrizes do leilão até fevereiro, e que a realização do certame aconteça em junho de 2018. Adicionalmente, a Agência Nacional de Energia Elétrica está estudando mecanismos de redução da demanda e do consumo da região por meio de eficiência energética e entre eles, a realização de leilão de projetos de eficiência energética em Roraima. A previsão é de realização do certame também no primeiro semestre de 2018.

Transmissão 

No que se refere à transmissão, os lotes deverão somar 5.750 quilômetros em linhas e 10 mil MWA em capacidade de transformação com investimentos calculados em R$ 11 bilhões. Ao se confirmarem, esses números representarão uma licitação maior que a última realizada, em 15 de dezembro, quando foram colocados ao mercado 4.919 km de linhas e 10.416 MVAs com investimentos previstos pela Aneel em R$ 8,7 bilhões. Já para o segundo certame os estudos estão sendo elaborados, segundo a apresentação feita durante reunião.

Os investimentos na expansão do suprimento de energia, segundo o PDE 2026, estão estimados em R$ 361 bilhões, sendo R$ 242 bilhões no segmento de energia elétrica e R$ 119 bilhões em transmissão nos próximos dez anos. Serão necessários a expansão equivalente a 43% da capacidade instalada para atender a expansão do consumo no país nesse período.

Já para o período a 2017 a 2021, o atendimento da demanda está assegurado. Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico com base nas 2 mil séries sintéticas com tendência hidrológica tomando como base o mês de novembro de 2017, para qualquer déficit, os maiores valores por submercado estão abaixo dos 5%, sendo Sudeste/Centro Oeste com 2,9% de risco, Nordeste com 0,1%, Sul com 3,4% e Norte com 0,8%.

Carga

Esses dados tomaram como premissas os volumes de carga da 2ª revisão quadrimestral de 2017, que aponta uma taxa de crescimento média anual da carga de 3,7% ao ano, passando de 65.618 MW médios em 2017 para 75.769 MW médios em 2021. Isso com uma taxa de crescimento médio do PIB de 2% ao ano.

Quanto à expansão em 2017, foram reportados o acréscimo de 6.215 MW até novembro, sendo que deste volume, 91,7% (5.698 MW) por meio de fontes renováveis e 8,3% (517 MW) em fontes não renováveis. Esse volume, segundo o Boletim de Acompanhamento da Expansão da Oferta, elaborado pela Agência Nacional de Energia Elétrica, apontou que ao final de dezembro esse aumento chegou a 7.336,45 MW em nova capacidade de geração, o terceiro maior em uma série de 20 anos.

Já em transmissão a expectativa era de que o ano de 2017 fosse encerrado com 4.704 km de novas linhas e 10.470 MVA de capacidade de transformação. O destaque ficou com a inauguração oficial do primeiro bipolo da UHE Belo Monte.

Apesar desse volume o MME apontou que há pontos de atenção para o atendimento da carga como a limitação do 2º bipolo de transmissão das usinas do Madeira em razão da necessidade de um novo eletrodo no empreendimento, a questão da interligação de Roraima ao SIN, as condições adversas da hidrologia e a inadimplência no mercado de curto prazo, que acumula R$ 7 bilhões em aberto por conta da judicialização do risco hidrológico no mercado livre.

De acordo com o ONS, a hidrologia no SIN de janeiro a outubro de 2017 registrava o 4º pior volume de Energia Natural Afluente (ENA) do histórico de 87 anos com 73% da média de longo termo. Os dados compilados na primeira quinzena de novembro para fins da apresentação no CNPE apontavam até aquele momento que no mês havia 98% da MLT, o 47º pior do histórico.