A partir de janeiro de 2019, o ONS e a CCEE passarão a utilizar um programa da cadeia de modelos energéticos do Cepel para despacho e formação de preço. Trata-se do DESSEM – Modelo de Programação Diária da Operação hidrotérmica, utilizado para determinação do despacho de operação e estabelecimento do preço de energia no mercado de curto prazo (spot), em base horária, no Brasil.
Com a ideia de preparar os agentes do setor elétrico para utilização do programa, o Cepel promoverá hoje (18) e no fim do mês (31), o “Treinamento DESSEM para validação pelos agentes no âmbito da FT-DESSEM”.
As 40 vagas destinadas à primeira turma do curso que começa nesta quinta-feira esgotaram-se em poucos dias, devido ao grande interesse das empresas em treinar seus profissionais. Diante da intensa demanda, o Departamento de Otimização Energética e Meio Ambiente (DEA) do Cepel abriu uma segunda turma, cuja aula será realizada dia 31 de janeiro. Com carga horária de 7 horas, as aulas serão ministradas das 9h às 17h, na unidade Fundão do Cepel, na Cidade Universitária, Rio de Janeiro.
As vagas foram limitadas em uma por empresa, para assim dar maior oportunidade a todos os agentes. As inscrições e pedidos de informação devem ser feitos pelo e-mail dea@cepel.br ou pelos telefones: (21) 2598-6471/6482. Até o dia 15 de janeiro ainda havia 18 vagas para a segunda turma. Foi informado também que o treinamento será gravado em vídeo, no intuito de garantir transparência e simetria de informação a todos os participantes.
O curso tem como público alvo todos os agentes do setor elétrico, especialmente os de geração, transmissão e comercialização. O objetivo é preparar os usuários para a utilização e as funcionalidades do programa. O DESSEM abrange um modelo de otimização para programação diária da operação de sistemas hidrotérmicos, considerando a rede elétrica, as características operativas e restrições detalhadas para as unidades geradoras. O arquétipo fornece ainda os custos marginais de operação, por barra ou por submercado, que podem ser utilizados para definir o preço horário de comercialização de energia no mercado spot.
Atualmente, o DESSEM está em validação pelo ONS e pela CCEE. O processo, iniciado em outubro de 2017, será concluído em março deste ano. Entre os meses de abril e dezembro, o ONS passará a usar o modelo em shadow, de maneira a preparar sua entrada em operação em janeiro de 2019. Até lá, a definição do preço de energia continuará a ser semanal, por patamar de carga, e feita com base nos modelos NEWAVE e DECOMP, também desenvolvidos pelo Centro de Pesquisas. Com o acoplamento do programa a esses dois modelos, o preço de comercialização passará a ser estabelecido de forma horária.
”O curso tem por objetivo dar plenas condições de uso do modelo DESSEM aos agentes, de forma a auxiliá-los na validação dessa importante ferramenta de apoio à decisão para a programação diária da operação e a formação de preço”, avaliou Tiago Norbiato dos Santos, pesquisador do DEA e gerente do projeto DESSEM.
Para André Diniz, chefe do DEA e pesquisador atuante no projeto desde a sua origem, o atual momento é um marco para o Centro de Pesquisas e o setor elétrico brasileiro. “O DESSEM vem sendo desenvolvido e aprimorado pelo Cepel por quase 20 anos, e é fruto da experiência acumulada por muitos pesquisadores que atuam ou já atuaram no Centro. Apesar de já ser usado há bastante tempo para estudos pelas instituições e já ter sido objeto no passado de dois grupos de trabalho com ONS, CCEE e algumas empresas, essa é a primeira vez que o modelo passa por um processo de validação mais amplo, envolvendo todos os agentes do setor”, afirmou Diniz.
“Além disso, o estabelecimento de preços horários de energia traz uma nova realidade comercial para os agentes, além de impor um desafio para as instituições, nos seus processos de aquisição de dados e tratamento dos resultados do modelo, que passarão a ser feitos diariamente”, explicou o chefe do Departamento.
Ministrado por pesquisadores do Departamento de Otimização Energética e Meio Ambiente do Cepel, o treinamento será acompanhado por representantes das demais instituições integrantes da Força Tarefa do DESSEM, formada pelo ONS, CCEE e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE).