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A ex-presidente do conselho de administração da Eletrobras, Elena Landau, defendeu a venda das distribuidoras que a empresa opera e a privatização da companhia. Para ela, apesar das diversas discussões, a venda da elétrica vai sair, porém o formato com a golden share não agrada, pois reduz a competitividade da empresa por indicar uma possível interferência do estado. Para ela, a vocação da empresa é a geração e transmissão e o governo não pode ter que colocar recursos para manter a empresa pois, como disse, o cobertor é curto e os recursos devem ser colocados em áreas afins de um governo como saúde e educação.
Em evento promovido pelo banco de investimento Credit Suisse, ela comentou que a situação da Eletrobras era muito ruim, resultado das medidas decorrentes da MP 579 de 2012. Mas, continuou, quando chegou ao conselho da empresa, classificou o cenário como 10 vezes pior do que poderia imaginar.
Ela defende que todas as subsidiárias possam ser vendidas, uma opção seria a Eletrosul e Furnas em conjunto, a Chesf com viés de empresa voltada à recuperação do São Francisco e a Eletronorte a menor de todas e de atuação mais isolada. Ela lembrou em sua participação que tentaram colocar a empresa para ser vendida, mas lembrou das resistências a essa medida por parte de políticos. “Por exemplo, Minas Gerais acha que Furnas pertence a eles”, alfinetou.
Aliás, o discurso de Elena, que foi diretora do BNDES no processo de privatização do governo FHC, nos anos 1990 defendeu no evento que deveria ser proibido criar novas estatais no Brasil, pois segundo ela, nunca mais consegue se fechar uma empresa dessas. Criticou a atuação do governo federal no caso da Embraer e atuação de outras empresas como a Telebrás, Valec e Infraero.
“Na constituição federal de 1988 o estado tem atividade em segurança nacional e setores estratégicos definidos por lei, não há a ideia desse estado empresarial”, afirmou.
Em sua opinião, o segmento de distribuição não poderia ser estatal, pois é um negócio caracterizado por grande dinamismo, fator que não é possível de ser visto em estatais e todo o seu formato engessado de atuação. Por tudo isso defendeu a venda de todas as estatais, inclusive a Petrobras, cuja atividade fim é a venda de uma commodity que vem sendo questionada em todo o mundo por questões ambientais.
Sobre o processo de venda da Eletrobras, Elena disse ainda que vê com reservas a questão da golden share que o governo federal quer manter. Ela retoma a questão da interferência do executivo nas empresas e o nível de judicialização do mercado nacional como fatores que afugentam potenciais investidores. Com isso, a tendência é de que entrem na disputa os chineses que têm capital ou ainda empresas que já operam por aqui e estão acostumados com o setor elétrico nacional e suas características. O problema nesse último contexto é que a atratividade fica limitada e a possibilidade de concentração de mercado em uma companhia aumenta.
Em geral, ela avalia que a questão da privatização das estatais não deve se dar apenas por conta do lado fiscal. É preciso que as pessoas entendam que o governo pode fazer coisas  melhor com os recursos que dispõe. E nesse sentido, comentou que o último presidente da República a privatizar estatais por questões ideológicas foi Fernando Collor, até mesmo no governo do qual participou a questão estava ligada ao tema equilíbrio das contas públicas.