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A baixa avaliação que as distribuidoras do Norte do país tiveram de seus consumidores no ano passado excluiu as sete empresas que atendem os estados da região do Prêmio Iasc de Satisfação do Consumidor. A disputa da premiação anual entregue esta semana pela Agência Nacional de Energia Elétrica exigia nota mínima de 60 pontos em uma escala de 0 a 100, mas nenhuma das companhias chegou perto disso. A nota média regional ficou em 47,19.
A percepção dos consumidores é um retrato da situação precária das empresas, especialmente daquelas que estão em processo de administração temporária e com expectativa de serem privatizadas nos próximos meses. É o caso das distribuidoras Eletrobras no Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima, e da Companhia Energética do Amapá, que é operada pelo governo do estado e deve ser vendida até o ano que vem
A pior nota nesse grupo foi a da CEA, cujo índice de satisfação ficou em 38,68. Em seguida vem Amazonas Distribuidora, com 45,89; Eletrobras Roraima, com 46,36; Eletrobras Acre, com 50,91; e Eletrobras Rondônia, com 53,02.
As notas das duas empresas privadas que atuam na região também estão bem abaixo da nota média do Brasil, que ficou em 63,16. A Energisa Tocantins teve queda expressiva no índice de satisfação entre 2016 e 2017, quando passou de 59,18 para 45,15. A Celpa, que atende o estado do Pará, passou de 35,47 em 2016 para 48,77 no ano passado. As distribuidoras que pertenceram ao antigo grupo Rede enfrentaram sérios problemas de gestão que comprometeram o desempenho econômico financeiro e operacional ao longo dos anos.
“Nós vimos uma oportunidade de aperfeiçoamento”, afirmou o diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, ao explicar a decisão da agência reguladora de estabelecer nota de corte para a premiação. Rufino destacou a evolução da Celpa, e disse que a empresa da Equatorial Energia ainda não atingiu um nível aceitável porque estava em patamar muito ruim. Ele acredita, porém, que a ela pode alcançar avaliação melhor, se mantiver a trajetória atual.
No caso das distribuidoras Eletrobras e da CEA, se não houver piora na percepção da qualidade do serviço já é um feito para a realidade atual de operação temporária, avaliou. Sem contrato de concessão, as cinco empresas não têm acesso a crédito nem um acionista presente, o que torna mais difícil a governança. Desde que a Eletrobras e o governo ao Amapá foram nomeados pela União para administrar as concessões até a entrada de novos controladores, recursos dos fundos setoriais tem sido liberados em parcelas mensais para garantir a continuidade do serviço.
O dinheiro dos fundos é para fazer o mínimo, afirmou o diretor da Aneel. “Não dá para pegar dinheiro da RGR (Reserva Global de Reversão) no volume que as empresas precisam, porque elas vêm de um longo período de insuficiência de investimentos. Não dá para pegar rios de dinheiro, agora que você não tem para fazer investimento”, disse.
Para Rufino, a solução é a privatização, mas mesmo com a entrada de um novo concessionário a evolução de cada empresa vai depender do quão distante ela está do patamar mínimo de avaliação. “É um conjunto de melhoria de gestão, de investimento e de melhoria de processo”, resumiu.
Média Brasil
A pesquisa do Índice Aneel de Satisfação do Consumidor é feita há 18 anos pela autarquia e reflete a avaliação que o consumidor faz do serviço prestado pelas distribuidoras a cada ano. Em 2017, o levantamento foi realizado de 19 de agosto a 1º de novembro com 24.926 consumidores residenciais de 584 municípios atendidos por 58 concessionárias e 38 permissionárias (cooperativas) de distribuição.
Na média de todas as concessionárias do país, a avaliação do Iasc não ficou muito acima da nota de corte e representou um pequeno recuo de 2,62% em relação à avaliação de 2016 (64,83 pontos). As cooperativas tiveram nota média melhor, de 71,34, com pequena oscilação de 0,63% de um ano para o outro.
“Eu acredito até que essa queda está dentro da margem de erro da pesquisa”, disse o presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica, Nelson Leite. A Abradee vai iniciar depois do carnaval a pesquisa anual que apura o Índice de Satisfação com a Qualidade percebida, base do prêmio que a entidade confere às associadas com melhor desempenho na avaliação do consumidor. “Na pesquisa Abradee nós podemos verificar se realmente é uma tendência de queda ou não, ou se isso é simplesmente uma variação dentro da própria margem de erro”, disse após o evento da Aneel na última quinta-feira, 1º de fevereiro.