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Os preços tetos do próximo leilão de geração de energia elétrica, previsto para ocorrer em 4 de abril (A-4) em São Paulo, estão muito próximos, em alguns casos até iguais, aos praticados no último leilão do tipo em 2017. Naquela ocasião, a competição entre os agentes derrubou as cotações pela metade, porém, a sinalização de mercado não foi suficiente para alterar os cálculos da equipe do Ministério de Minas e Energia (MME).

A Agência CanalEnergia analisou os preços com base nos dados oficiais disponíveis. Neste ano, o preço da energia solar está em R$ 312/MWh contra R$ 329/MWh em 2017. A fonte, contudo, dominou o leilão do ano passado ao praticar um preço médio de R$ 145,68/MWh.

“O que levou o Governo a divulgar esse preço, na nossa avaliação, é que não houve uma mudança significativa na metodologia de cálculo do preço teto frente ao leilão anterior de 2017”, disse Rodrigo Lopes Sauaia, presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).

O executivo explicou que a metodologia de cálculo do preço teto leva em consideração a base de projetos cadastrada e o investimento previsto para os empreendimentos. Em 2017, haviam quase 18 GW em projetos cadastrados para o A-4, sendo que apenas 674,51 MW de potência foram contratados.

Recentemente, até para reduzir a burocracia, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) passou a aproveitar a base de dados cadastrais dos leilões anteriores. “Devido a esses projetos serem os mesmos que foram cadastrados no A-4/2017, isso significa que não houve atualização nos investimentos previstos”, detalhou Sauaia.

Sauaia contou que a grande preocupação do mercado é com a baixa a expectativa de demanda para o próximo certame, assim como foi em 2017. “Entendemos que esse preço teto dá um sinal positivo para o setor e para o mercado. Ele está acima do valor real de comercialização da fotovoltaica nas condições de mercado desse momento”, reconhece o executivo.

A competição, portanto, deve levar a deságios representativos, analisou o especialista, que já defende a participação da fonte solar no leilão A-6, que deverá ser realizado entre maio e agosto deste ano.

“Acreditamos que isso poderá trazer para o consumidor mais uma alternativa de suprimento, sinérgico com as fontes já operacionais e com aquelas que vão entrar em operação. Lembrando que a solar gera energia elétrica no horário de maior despacho térmico [à tarde] e a gente pode ajudar a reduzir parte desse despacho e economizar água no reservatório, em especial no Nordeste, onde a situação de seca é mais delicada.”

ATENÇÃO A DEMANDA

Neste ano, o preço da energia eólica está em R$ 255/MWh contra R$ 276/MWh em 2017. A fonte, contudo, viabilizou apenas dois projetos no leilão passado, a um preço médio de R$ 108/MWh.

Para Sandro Yamamoto, diretor técnico da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), o preço divulgado pelo Governo está “em patamar razoável” para atrair investidores nacionais e internacionais, permitindo uma competição saudável, com resultado que tende a ser positivo para governo, mercado e sociedade. “Importante notar, ainda, que a eólica é fonte com menor preço-teto entre todas as fontes, o que é um importante indicativo do seu potencial competitivo”, destacou.

A diretora executiva da consultoria especializada Thymos Energia, Thais Prandini, entende que os preços estão aderentes a realidade do país. “No último leilão, vimos os investidores fazendo uma séria de arranjos para baixar o preço, pegando financiamento fora do Brasil, negociando antecipação de receita, uma séria de coisa que trouxe o preço para baixo. Acredito que esses preços continuam viabilizando todos os projetos. Os investidores vão continuar procurando maneiras de ficar mais competitivos e isso levará um deságio muito grande, na mesma linha que vimos no leilão passado”, disse a executiva, que aposta em uma contratação entre 700 MW a 900 MW médios no certame.

A manutenção do valor dos últimos leilões é um sinal importante para o mercado, na opinião do gerente de bioeletricidade da Única (União da Agroindústria Canavieira do Estado de São Paulo), Zilmar de Souza. “Isso é um ponto importante por conta da previsibilidade. Nos leilões anteriores, havia uma gangorra onde não se tinha nenhuma previsibilidade em relação ao preço teto, isso era muito ruim”, disse o representante dos geradores a biomassa, cujo preço teto da fonte será de R$ 329/MWh, exatamente igual ao de 2017.

Para Souza, a maior preocupação dos investidores fica por parte da demanda que será contratada. “A biomassa no ano passado vendeu sete projetos em dois leilões, muito pouco. Espero que no próximo leilão haja uma destinação de uma demanda maior para o produto em que a biomassa concorre.”

Paulo Arbex, presidente da Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas e Centrais Geradoras Hidrelétricas (Abrapch), também está satisfeito com o preço e preocupado com a demanda. “A nossa maior preocupação com o A-4 de 2018 é que o governo contrate um volume suficiente para manter a cadeia produtiva de PCHs e CGHs”, alertou o executivo, destacando a contribuição sistêmica e ambiental que as pequenas hídricas podem entregar para o país. O preço das hídricas foi fixado em R$ 291/MWh para o A-4 de 2018, 3,5% acima do teto praticado no ano passado, de R$ 281/MWh.