Mesmo diante da redução da nota de risco soberano no Brasil, a agência de classificação de risco Fitch afirmou o rating nacional de longo prazo ‘AAA(bra)’ da CPFL Energia e de suas subsidiárias, a CPFL Paulista, CPFL Piratininga, RGE, RGE Sul, CPFL Geração e CPFL Renováveis e das respectivas emissões de debêntures de espécie quirografária. A perspectiva dos ratings corporativos é estável e segundo a análise da Fitch refletem a qualidade de crédito consolidada do grupo, que, por sua vez, se baseia em seus fortes vínculos estratégicos, financeiros e legais com seus controladores indiretos: a State Grid Corporation (SGCC) cujo rating de probabilidade de inadimplência do emissor (IDR) de longo prazo em moeda estrangeira é ‘A+’ com perspectiva estável e a State Grid International Development (SGID), IDR ‘A’ e perspectiva igualmente estável.
Em sua argumentação, a agência classifica o perfil de crédito da empresa como robusto e reflete, ainda, sua forte posição de mercado como um dos maiores grupos privados do setor elétrico brasileiro. “Sua relevante base de ativos de distribuição e geração de energia elétrica contribui para a maior diversificação da adequada geração de caixa operacional e para a diluição de riscos operacionais, que estão mais presentes no segmento de distribuição. A avaliação também incorpora a expectativa de que o grupo CPFL conseguirá manter fluxo de caixa livre (FCF) positivo e satisfatória flexibilidade financeira”.
A Fitch apontou ainda que espera continuidade da gradual redução da alavancagem financeira líquida consolidada, que avaliou estar moderadamente elevada para os ratings do grupo. A avaliação, continuou, também contemplou o moderado risco regulatório do setor elétrico brasileiro e o risco hidrológico atualmente acima da média histórica. Os vínculos com o acionista controlador incorporam os atuais e futuros benefícios advindos da controladora para os perfis de crédito das companhias do grupo.
Esse benefício já era visualizado pelo diretor presidente da CPFL, André Dorf, que comentou em entrevista concedida à Agência CanalEnergia, em novembro de 2016, que se a State Grid ficasse realmente com o controle da empresa (àquela época havia apenas confirmada a compra da parcela da Camargo Corrêa), a CPFL ganharia mais capacidade e melhora na nota de seu crédito.
Em sua argumentação, a agência de classificação de risco afirmou entender que os benefícios se materializam em cláusulas de cross default existentes em dívidas de subsidiárias da chinesa no mercado internacional figurando como garantidora. “Os termos destes instrumentos estabelecem que a inadimplência de qualquer subsidiária na qual a SGID possua participação direta ou indireta, superior a 50%, pode acelerar estas dívidas no mercado internacional. No caso da CPFL Energia, holding do grupo CPFL, a SGID possui, indiretamente, 94,75% do seu capital, após liquidação da oferta pública de ações estendida aos acionistas minoritários em dezembro de 2017. O fato de o CEO da SGID ter assumido a presidência do Conselho de Administração da CPFL Energia é outro ponto que reforça o laço entre as empresas.”
Além disso, a flexibilidade financeira do grupo CPFL aumentará ao longo do tempo, devido ao vínculo e espera suportes adicionais das controladoras direta e indireta do grupo, quando for necessário. Estes, aponto a Fitch, podem se concretizar por meio de aportes de capital, mútuos, garantias de dívida e intermediação de empréstimos menos onerosos de instituições financeiras chinesas. “Este suporte reforçará ainda mais o vínculo entre a matriz e as subsidiárias que fazem parte do grupo CPFL, a exemplo do que ocorre em outra subsidiária da SGCC no Brasil, a transmissora State Grid Brazil Holding. Pelas estimativas da Fitch, a intensificação do vínculo e o aumento da flexibilidade financeira das subsidiárias brasileiras reduzirão o risco de refinanciamento e o custo atual da dívida delas. Da dívida total consolidada ao final de setembro de 2017, de R$ 19,4 bilhões, 11% eram garantidos pela SGBP.