O apagão causado na tarde desta quarta-feira, 21 de março, começou a partir do desligamento de um disjuntor da subestação Xingu, da Belo Monte Transmissora de Energia, localizada no Pará e que serve a UHE Belo Monte, que acabou por separar os sistemas Norte e Nordeste dos sistemas Sul e Sudeste. O Operador Nacional do Sistema Elétrico investiga o que causou o desligamento. Uma reunião que deverá ser realizada no próximo dia 23 ou 26 de março já está marcada. Deverão participar a BMTE, a Eletronorte, a Chesf, Agência Nacional de Energia Elétrica e Ministério de Minas e Energia, além do próprio ONS. O resultado deverá ser apresentado dez dias após a reunião.
Em coletiva à imprensa, o diretor-geral do ONS, Luiz Eduardo Barata, explicou que a perturbação teve intensidade menor no Sul e Sudeste, porque o esquema regional de alívio de carga atuou, com as cargas se recompondo rapidamente. “O sistema se manteve quase todo íntegro”. Já no Nordeste e no Norte, ele teve mais impacto, com todos os estados sendo afetados, levando a um quase colapso, com os desligamentos das cargas dessas regiões. Segundo ele, 30 circuitos foram afetados e desligados. “O tempo de recomposição foi maior porque os circuitos e as usinas foram afetados e desligados”, explica.
Barata também salientou que o tempo de recuperação da carga no Nordeste foi maior porque poderia haver uma nova derrubada do sistema em uma tentativa. “A recomposição tem que ser feita de forma cautelosa”, avisa. Por volta das 19h, todo o Norte já estava recomposto e pouco mais de 50% do Nordeste, com as capitais de Fortaleza, Teresina e Recife com mais de 50%. Salvador, Aracaju, Natal e João Pessoa estavam abaixo desse valor. O apagão atingiu todos os estados do Nordeste, enquanto no Norte, as exceções foram Acre e Rondônia, que são supridos pelo Madeira, e Roraima, que não faz parte do SIN. A previsão é que até às 20h o sistema já estivesse todo recomposto. O Sudeste não se desligou porque a transferência de energia para lá estava toda dentro dos seus limites, o que não acontecia com o Nordeste.
Caso o desligamento do disjuntor tenha sido causado por algum tipo de falha, ele será passível de punição pela Aneel. Barata descartou que uma falha humana tenha provocado o apagão, assim como alta na demanda. Outra hipótese levantada, a de sabotagem, também foi descartada por Barata. A carga era de 70 GW e Belo Monte respondia por 4 GW. “Não havia falta de geração, tínhamos muito mais que a carga que estava sendo atendida”, ressaltou. Essa falha no disjuntor causou uma sobra na geração do Norte, que levou a um aumento da frequência da região, que se separou dos outros sistemas do Norte e Nordeste.
O sistema em questão já estava em operação desde dezembro do ano passado com capacidade de operação de 2 mil MW. Estavam sendo feitos testes adicionais para que a capacidade de operação chegasse a 4 mil MW, que se encerraram essa semana. Hoje ele estava em ‘ramp up’, que Barata admitiu que poderia ter alguma relação com o desligamento, embora isso não tenha ocorrido na fase de testes quando atuou com capacidade máxima. “Temos que estudar para saber bem o que aconteceu para que não se repita. Tudo leva a crer que foi uma falha de equipamento”, observa.