A Belo Monte Transmissora de Energia divulgou nota nesta sexta-feira, 6 de abril, para se posicionar sobre as causas do apagão, que afetou as regiões Norte e Nordeste do país em 21 de março. A resposta veio depois do Operador Nacional do Sistema Elétrico divulgar as primeiras conclusões sobre as causas do desligamento massivo do sistema. Segundo o ONS, um erro no ajuste de proteção do disjuntor da subestação Xingu deu início ao blecaute.

Um dos principais pontos expressados pela BMTE é sobre os testes do Sistema Especial de Proteção, construído pela empresa a pedido do ONS para compensar as restrições do sistema. A transmissora disse que no último dia 6 de fevereiro, em reunião com o Operador, foram discutidas mudanças a serem implementadas nos cinco circuitos lógicos já testados em campo. Após a implementação dos aperfeiçoamentos, eles foram testados em Simulador do Sistema do ONS. Os testes de campo foram realizados no dia 19 de março, após o bipolo foi disponibilizado para operar ao nível de 4 mil MW.

O detalhe é que os testes foram feitos com nível de tensão em 1 mil MW a pedido do próprio Operador, ressaltou a BMTE. Não foram realizados testes com 4 mil MW. “Caso tivéssemos testado com 4.000 MW esse evento ocorrido em 21/03 teria sido detectado”, apontou a concessionária. A empresa reafirma mais adiante que o “ajuste equivocado na proteção do disjuntor teria sido detectado no teste”, caso tivesse sido feito com a potência de 4 mil MW. “[…] na realidade descobrir esses tipos de problemas em instalações recém construídas é exatamente o objetivo de testes”.

Esse ajuste a que se refere a empresa dava proteção de sobrecorrente limitativa ao disjuntor o que teria impedido o fluxo de 4 mil MW. “Porém, o mesmo teria ocorrido se tivéssemos tido um curto na barra de 500 kV da nossa Conversora ou na barra de 500 kV da SE Xingu da LXTE devido a condição provisória da interligação”, frisou a BMTE.

“O que realmente causou esse desligamento foi a condição provisória da interligação entre a Conversora e a SE Xingu devido à falta das instalações da ATE XXI que obrigaram implantar uma instalação provisória, que vem cumprindo com seus objetivos, mas que implicou em riscos adicionais que foram previstos e expressados pela BMTE” em correspondência ao ONS.

A conexão entre a subestação e a estação conversora do linhão foi feita com barramento singelo com risco de desligamento por falha simples, que era a situação operativa no dia do desligamento. A entrada em operação das duas barras acontece agora em abril, o que, segundo a empresa, era de conhecimento do ONS e Aneel, deixando o linhão em situação provisória.

“A topologia do sistema, em operação no momento do desligamento, era muito degradada em relação a rede completa que seria aquela com a entrada das instalações de todos os agentes e que não se materializaram. Portanto, estamos trabalhando com uma situação que equivale a maiores riscos de contingências do que o planejado”, finalizou a empresa.