A Eletropaulo considera a oferta da Neoenergia mais vantajosa do ponto de vista de capitalização da empresa em função dos prazos de entrada de recursos na companhia quando comparado às propostas da Energisa e da Enel. Tanto o preço mais elevado ofertado a R$ 29,40 quanto a agilidade no ingresso de capital a curtíssimo prazo pelo fato de a empresa aderir ao follow on (aumento de capital) são os argumentos utilizados pela concessionária que atende a capital paulista e outras 24 cidades da região para justificar essa posição e manter a operação questionada pela Enel.

Em sua explicação, o follow-on permitirá, até 3 de maio, a obtenção de recursos para a companhia, sem aumentar os seus índices de endividamento, sem incorrer em custos financeiros adicionais com empréstimos e sem ameaçar atingir os limites de seus covenants financeiros.

Segundo a distribuidora, ainda podem participar do bookbuilding todos os interessados na subscrição de ações, incluindo além da Neoenergia, que apresentou até o momento o melhor preço, as outras duas empresas que estão na disputa, a Enel e Energisa, “em processo público e transparente, garantindo-se, também, aos acionistas da companhia, a prioridade na subscrição das novas ações, pelo preço obtido através das intenções de compra, não havendo, portanto, que se falar em prejuízo aos direitos dos atuais acionistas da Eletropaulo”.

Contudo, o prazo das operações é o que a administração da Eletropaulo destaca. Lembra que a  OPA da Enel previa  originalmente, um prazo de 60 dias após a última aprovação regulatória que depende de trâmites no Cade e na Aneel para a mudança do controle da Eletropaulo. O prazo dado pela Energisa previa um prazo de 180 dias do leilão para a realização do aumento. Já o follow-on faria com que a concessionária recebesse os recursos em curtíssimo prazo. E mesmo com a redução de prazo da Enel levaria a um prazo original para a entrada do capital.

Em um comunicado ao mercado publicado em resposta à solicitação da Comissão de Valores Mobiliários, a empresa afirmou que o Plano de Negócios para o ciclo 2018-2022 busca criar valor à companhia ao incrementar sua base de remuneração e geração de receita, por meio de um programa de investimentos no montante de R$ 4,9 bilhões no período indicado. O objetivo é o de elevar seu resultado ebitda (antes de juros, impostos, depreciação e amortização) nos próximos anos e na melhoria da qualidade dos serviços públicos prestados.

No comunicado, assinado pelo presidente do conselho de administração da empresa, o ex-presidente Britado Soares, a distribuidora destaca que entre as ações já tomadas no sentido de viabilizar essa criação de valor está o acordo com a Eletrobras referente à disputa judicial que se arrastava há cerca de 30 anos envolvendo ainda a Cteep quanto a um empréstimo na época em que as duas eram estatais. E ainda, a migração para o Novo Mercado na B3.

“Com a migração da Companhia para o Novo Mercado, e a celebração do acordo com a Eletrobrás, a Eletropaulo se tornou mais atrativa para novos investidores, e para os atuais acionistas que queiram permanecer ou aumentar a sua posição, fato esse comprovado pelo interesse de, pelo menos, três interessados em adquirir o seu controle: Energisa, Enel e Neoenergia”, afirmou a empresa nesse comunicado.

O aumento de capital por meio de follow-on, origem do pedido de esclarecimentos por parte da CVM, também entrou nesse âmbito. Operação esta que viabilizou a venda de ações da antiga controladora da empresa, a norte-americana AES, após a reestruturação da distribuidora uma vez que já abriu mão de aderir a essa capitalização no processo, o que diluirá sua parcela na empresa.

Inclusive, no release de resultados AES Corporation referente ao ano de 2017 a companhia já considerava esse nicho de negócio como descontinuado por aqui após a venda da AES Sul e da Eletropaulo.

A Eletropaulo argumenta ainda que esse follow-on proposto sempre teve por objetivo não somente atender ao plano de investimentos, mas também representar um passo importante para a melhoria do seu perfil de endividamento, através do alongamento de prazos de suas dívidas, redução de custos e redução substancial da necessidade de apresentação de garantias.

E lembra ainda que em meio à verificação de interesse com potenciais investidores âncora, veio a oferta pública para aquisição de controle, lançada pela Energisa em 5 de abril de 2018. Em seguida vieram os interesses das duas europeias aderirem ao processo e, adicionalmente, garantirem aos acionistas a possibilidade de venda de suas ações por preço ainda mais expressivo do que aquele oferecido pela Energisa, quando se seu o início das ofertas que hoje estão em um patamar de mais de 50% acima do ofertado incialmente.