A alteração na taxa de juros dos financiamentos feita pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, que não a ajusta mais conforme a Selic, preocupa a Engie. De acordo com o presidente da empresa, Mauricio Bahr, os modelos de financiamento das últimas grandes hidrelétricas foram feitos todos com base no modelo anterior de logo prazo, o que está acabando por gerar desequilíbrio econômico-financeiro aos contratos. “O governo precisa estar aberto a essa agenda de entender que investidores tomaram decisões por 30 anos considerando uma determinada lógica que está sendo alterada”, avisa o executivo, que participou do Engie Innovation Day, realizado nesta quarta-feira, 2 de maio, no Rio de Janeiro (RJ).
Segundo o presidente da Engie Brasil Energia (antiga Tractebel Energia), Eduardo Sattamini, quando os empreendedores formavam o preço para o leilão, eles tinham em mente que os juros seriam subsidiados. Para ele, a partir do momento em que a taxa deixa de ser subsidiada e isso traz um custo, a perda de dinheiro no projeto passa a ser uma possibilidade. “A rentabilidade dos nossos projetos se frustra”, adverte. Ainda segundo Sattamini, essa perda de receita afeta a capacidade de se fazer novos investimentos, já que o caixa esperado não vem devido ao pagamento dos juros altos.
A melhor solução na visão do executivo seria a taxa voltar para os níveis de subsídio que eram dados antes. Há ainda outras opções como a ampliação do prazo de financiamento ou das concessões dos projetos. Os executivos da empresa de origem belgo-francesa não se colocaram contra o fim dos juros subsidiados, mas querem que a medida seja aplicada apenas em projetos daqui para a frente e não nos anteriores, como os da hidrelétrica de Jirau, em que a Engie é a maior acionista da usina localizada no rio Madeira, em Rondônia. “Estamos arcando com um custo de juros muito maior do que esperávamos. Muitas empresas passam a ter prejuízos em vez de lucros”, aponta Bahr.
O atual titular do ministério de Minas e Energia, Moreira Franco, já está ciente da situação, mas ainda não sinalizou com nenhuma solução. Cartas abertas feitas por entidades representativas, como a Associação Brasileira da Indústrias de Base e a Associação dos Produtores Independentes de Energia Elétrica, também já foram enviadas alertando para o pleito das empresas envolvidas.