Eólica no Nordeste pesou no resultado da CPFL Renováveis
Transição de fornecedor dos 180 equipamentos da Suzlon para a Siemens-Gamesa deve estar concluída quando o potencial dos ventos aumentar no segundo semestre
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O desempenho abaixo do previsto da geração eólica no primeiro trimestre do ano foi o fator fundamental para que a CPFL Renováveis apresentasse uma piora nos resultados obtidos no período. Nesse ponto estão uma anomalia de ventos que fez com que os parques no Nordeste apresentassem performance abaixo do normal e um fato específico da empresa que é a mudança de fornecedor no caso dos 180 aerogeradores Suzlon que agora estão sob a operação da Siemens-Gamesa. Como resultado, a empresa teve que recorrer ao mercado spot para atender seus contratos, impacto de R$ 17 milhões.
De acordo com o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da companhia, Alessandro Gregori, a queda foi de 15% no Ceará e de 26% no Rio Grande do Norte. Segundo ele, excluindo essa variação fora do normal da eólica, o resultado dos três primeiros meses do ano vêm mais baixos por conta do regime sazonal de ventos no país e que atuam sobre uma importante parte do portfolio de ativos da empresa.
“Esse fator reforça nossa estratégia de diversificação de portfólio. Onde em uma região que eventualmente reduza a geração, podemos ter aumento em outras. Os volumes obtidos por nossas PCHs, maior geração a biomassa, bem como, a eólica no sul, compensaram, em parte, o desempenho no Nordeste”, apontou.
Atualmente a Siemens-Gamesa ainda trabalha para adaptar-se ao volume de equipamentos da Suzlon que assumiu. Todos estão no Ceará. Ele não apontou o quanto essa fase de transição contribuiu para a redução eólica da companhia no estado nesse período do ano. Contudo, disse que a expectativa é de que quando os ventos mais fortes chegarem, característica da fonte no segundo semestre do ano, tudo esteja preparado para aproveitar o potencial instalado.
Gregori destacou a redução da alavancagem da companhia, que fechou o mês de março em 3,9 vezes a relação entre a dívida líquida sobre o resultado ebitda (antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ante 4,8 vezes do mesmo período do ano passado. Essa retração, analisou ele em entrevista à Agência CanalEnergia, decorre da entrada em operação dos ativos, que geram caixa e assim reduzem seu endividamento. O mais recente foi o Complexo Eólico Pedra Cheirosa (CE).
“Esse é o menor nível de alavancagem da empresa, pois com o tempo há uma redução na relação da dívida líquida e ebitda ao passo que temos a geração de caixa dos ativos”, comentou. “Saímos de uma média de investimentos de R$ 1 bilhão ao ano em 2016 para R$ 38 milhões nos três primeiros meses de 2018”, comparou.
A empresa possui apenas um projeto em construção, é a PCH Boa Vista que adicionará 29,9 MW de nova capacidade em 2020. Apesar de ter um pipeline de projetos de cerca de 2,6 GW e com cadastros em leilões no decorrer dos anos a empresa mantém sua posição criteriosa na avaliação de novos projetos.
Quando questionado se os preços apresentados nos últimos leilões A-4 de abril e até mesmo aqueles do A-6 de 2017 podem ser um problema para o futuro da expansão da companhia, Gregori disse que pode não ser. Ele admitiu que são preços desafiadores e que exigem condição de negociação. Nesse âmbito estão os fabricantes de aerogeradores, fontes de financiamento e fornecedores em geral.
Além disso, comentou deve-se avaliar a questão da própria estratégia de contratação do projeto para venda de parcela no ACR e ACL. “Não dá para dizer que é inviável [esse patamar de preços] caso consiga negociação e capex em patamar condizente com o preço, mas toda cadeia tem que se mobilizar. Não adianta apenas um absorver a variação do preço dos leilões”, acrescentou.
O diretor disse ainda que assim como em todos os leilões passados, a companhia tem cadastrados projetos para poder habilitar-se ao A-6, previsto para ser realizado em agosto. Contudo, lembrou que essa é uma atividade rotineira de quem possui a capacidade instalada de 2,1 GW e um pipeline da envergadura da CPFL Renováveis. Mas, exemplificou que a decisão por disputar o certame ainda precisa da análise de diversas variáveis e que a entrar ou não é um movimento que pode ser feito até um dia antes, ou seja, 30 de agosto, caso a data do leilão seja confirmada.