Desde a aprovação do relatório da comissão mista sobre a MP 814/17, na última terça-feira, 8 de maio, tem sido dito que a revisão da tarifa de Angra 3 traria um aumento de custos ao consumidor. A Eletronuclear fez um estudo para avaliar qual seria o impacto sobre o sistema elétrico brasileiro caso Angra 3 estivesse operando em 2017 com uma tarifa da ordem de R$ 400 – valor que tornaria o empreendimento minimamente viável do ponto de vista econômico e financeiro. De acordo com o estudo, afirmar que haverá aumento de custos para o consumidor só pelo fato de a tarifa revisada ser maior à atual ignora a complexidade da composição dos custos finais da energia elétrica. O estudo diz ainda que a não conclusão de Angra 3 é que representa aumento de custos para o consumidor, uma vez que o sistema continuará usando térmicas de custo mais elevado.
A empresa utilizou os dados operacionais e as programações mensais de despacho por ordem de mérito do Operador Nacional do Sistema Elétrico referentes ao ano de 2017. Foram comparados os custos mensais das térmicas mais caras efetivamente despachadas com a energia que poderia ser gerada por Angra 3 (1.405 MW médios). Para cada semana de cada mês do ano, foram verificadas as térmicas mais caras despachadas, que seriam substituídas por Angra 3. Foi gerada uma curva comparativa, onde se observa que, na maioria dos meses, a operação da usina nuclear traria benefício econômico ao Sistema Interligado Nacional, em especial nos meses de menor afluência.
Ao longo do ano, verificou-se que as térmicas efetivamente despachadas tiveram um custo de R$ 5,9 bilhões. Se Angra 3 tivesse operado em 2017 por 11 meses – considerando-se um mês de parada para reabastecimento – o custo total teria sido de R$ 5 bilhões. Ou seja, mesmo com uma tarifa de R$ 400, a economia seria de R$ 900 milhões no custo total da energia gerada no SIN pela simples substituição das térmicas mais caras por Angra 3. Há ainda outros benefícios que a usina traz, como ser uma usina de energia firme, com disponibilidade de quase 100%, que contribui para manutenção da estabilidade do sistema elétrico brasileiro, permitindo uma melhor programação dos despachos diários do ONS.