Metade das empresas ainda não consideram os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como referência para estruturação ou revisão da estratégia e gestão de seus negócios. A principal dificuldade mencionada é o alinhamento das metas internas às estipuladas pelos ODS. Essa é a conclusão do estudo Integração dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Setor Elétrico Brasileiro, que foi lançado no Fórum Pacto Global, realizado em 16 de maio, na cidade de São Paulo. Dessas empresas, 30% afirmaram que irão incorporar os objetivos no próximo planejamento e 20% disseram que seguem outros indicadores de sustentabilidade.
Já o nível de entendimento dos stakeholders dessas organizações sobre os ODS ainda é muito baixo. Os participantes responderam que o conhecimento dos seus públicos – clientes, fornecedores e colaboradores – é regular, ruim ou péssimo. Por outro lado, o conceito está mais disseminado nos Conselhos de Administração e nas Presidências, com percentuais de entendimento excelentes e bons de 55% e 60%, respectivamente para cada grupo.
Entre os ODS mais relevantes, apareceram o 7 (Energia Limpa e Acessível), o 13 (Ação Contra a Mudança Global do Clima), o 8 (Trabalho Decente e Crescimento Econômico), o 12 (Consumo e Produção Responsáveis) e o 15 (Vida Terrestre). O levantamento completo traz ainda matriz de impactos e oportunidades dos ODS.
A pesquisa foi conduzida por professores de diversas faculdades e contou com 20 participantes, tanto de geração quanto de distribuição e transmissão de energia. O estudo estabelece um panorama de como os ODS têm influenciado o trabalho das empresas – públicas e privadas – elétricas brasileiras. O país tem uma meta de redução de gases causadores do efeito estufa de 43% até 2030, firmada no âmbito do Acordo de Paris.
O setor brasileiro de energia tem metas específicas: aumentar para 18% a participação de bioenergia na matriz energética, reduzir 10% do consumo de eletricidade e utilizar fontes renováveis para geração de energia elétrica. Além de barrar o aquecimento global, a Energia está relacionado com outros ODS, como trabalho crescente e crescimento econômico (ODS 8), consumo e produção responsáveis (ODS 12), energia limpa e acessível (ODS 7), igualdade de gênero (ODS 5) — visto que o setor é predominantemente masculino — e parcerias (ODS 17).
A vice-presidente da Rede Brasil do Pacto Global, Márcia Massotti, lembrou que o Brasil é um dos poucos países do mundo que tem a sua matriz energética predominantemente sustentável. O país possui a 9ª economia do mundo e o 8º posto em consumo de energia. Contudo, continuou, o consumo per capita é baixo quando comparado a países desenvolvidos, ocupando a 98ª posição. E ressaltou que o país tem meta de reduzir as emissões em 43% até 2030, bem como, o setor de energia é um dos que mais impactam no alcance do combate à mudança climática (ODS 13), o que se configura um grande desafio para o Brasil.