Visando garantir o desenvolvimento de pesquisas avançadas sobre conversão de energia solar em produtos químicos e armazenamento de energia, a Shell Brasil em parceria com a Fapesp, Unicamp, USP e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), anunciaram nesta quarta-feira, 23 de maio, um investimento recorde de R$ 110 milhões destinado para criação do Centro de Inovação em Novas Energias (CINE).
O investimento acontecerá ao longo de cinco anos e representa o maior aporte já feito no Estado de São Paulo no âmbito do Programa Fapesp Centros de Pesquisa em Engenharia. A Shell aplicará um total de até R$ 34,7 milhões e a Fundação já reservou um aporte de R$ 23,14 milhões. Outra parcela, de R$ 53 milhões, virá da Unicamp, USP e IPEN, financiando pessoal e infraestrutura.
Segundo a Fapesp, a iniciativa pretende produzir conhecimento na fronteira da pesquisa, alinhando-se ao esforço internacional para ampliar a participação de fontes renováveis na matriz energética mundial, reduzindo a dependência dos combustíveis fósseis e moderando o ritmo das mudanças climáticas.
O CINE terá quatro divisões de pesquisa, com sedes na Unicamp (as divisões Armazenamento Avançado de Energia e Portadores Densos de Energia), na USP (Ciência de Materiais e Química Computacionais) e no IPEN (Rota sustentável para a conversão de metano com tecnologias eletroquímicas avançadas). Além de abordar a questão dos sistemas de conversões e armazenamento da energia fotovoltaica, outros estudos irão abordar a transformação de gás natural em combustíveis que produzam menos gases do efeito estufa ao gerar energia.
Paralelamente, o novo Centro de Pesquisa em Engenharia deverá transferir tecnologia para o setor empresarial. Para tal, poderá alcançar resultados que serão usados pela Shell, gerar startups e firmar parcerias com outras empresas, contribuindo para manter a liderança do Brasil no desenvolvimento e na exploração de fontes alternativas de energia:
“Esse investimento da Shell mostra nossa seriedade e compromisso com pesquisas que trarão avanços em direção à transição energética. Nossa participação no CINE reflete nosso entendimento de que o mercado de energia precisa buscar novas soluções”, afirmou o presidente da Shell Brasil, André Araujo.
Para Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp, o novo Centro de Inovação reúne excelentes pesquisadores da USP, Unicamp e IPEN, engajados em estudos com grande potencial para impacto científico e tecnológico em nível internacional. “As pesquisas que serão feitas se alinham ao interesse do Brasil e trarão resultados que ajudarão o país a se manter como um dos mais intensivos em uso de energia renovável no mundo, expandindo a capacitação nacional e o leque de possibilidades acessíveis ao país”, comentou.
Ele apontou a parceria com a Shell como um trabalho gratificante, visto a instituição valorizar a pesquisa avançada e reconhecer a capacidade científica existente no Estado de São Paulo. “A empresa traz para a pauta temas de pesquisa de natureza radical em vez de incremental”, avaliou.
A história de concepção do Centro começou a partir de uma chamada de propostas anunciada conjuntamente, resultado de uma parceria entre a Fapesp e a Shell. A seleção, concluída no início deste ano, acabou aprovando então as propostas dos pesquisadores Rubens Maciel Filho, da Faculdade de Engenharia Química da Unicamp, Ana Flávia Nogueira, do Instituto de Química da Unicamp, Fábio Coral Fonseca, do IPEN, e Juarez Lopes Ferreira da Silva, do Instituto de Química de São Carlos, da USP.
O acordo de cooperação foi assinado pela Fapesp e pela Shell em 2013. A parceria já rendeu, em 2015, a criação do Centro de Pesquisa em Inovação em Gás, com sede na Escola Politécnica da USP.