Um volume de energia próximo da demanda geral de eletricidade da França. Essa foi a quantidade de energia elétrica fornecida a empresas de 75 países, que adquiriram ativamente 465 TWh de energia renovável durante 2017, de acordo com o novo relatório da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena, na sigla em inglês). O levantamento indica que com o contínuo declínio nos custos das chamadas fontes limpas, a tendência é que a demanda corporativa siga aumentando à medida que as empresas procurem reduzir as contas de energia, protegendo-se contra picos de preços futuros e atentando-se às preocupações de sustentabilidade.
O documento Corporate Sourcing of Renewables: Market and Industry Trends (Fornecimento Corporativo de Energias Renováveis: Mercado e Tendências do Setor) é a primeira avaliação global sobre tendências e políticas no fornecimento corporativo de renováveis, indicando um caminho importante para a transformação sustentável do setor energético alinhado aos objetivos estabelecidos no Acordo de Paris.
De acordo com o relatório, as preocupações ambientais e de sustentabilidade, a responsabilidade social com a gestão da reputação e os objetivos econômicos e financeiros são os três principais impulsionadores do fornecimento corporativo. Para o diretor-geral da Irena, Adnan Z. Amin, este tipo de abastecimento se tornou um fator fundamental para a estratégia de negócios nos últimos anos. “Embora as preocupações ambientais tenham iniciado essa tendência crescente, o fortalecimento do business case e a estabilidade de preços oferecida pelas energias renováveis podem oferecer uma vantagem competitiva às corporações e apoiar o crescimento sustentável”, avaliou Amin.
A pesquisa apresentada nesta quinta-feira, 24 de abril, na Nona Reunião Ministerial sobre Energia Limpa em Copenhague, mostra que metade das mais de 2.400 grandes empresas analisadas estão voluntariamente adquirindo ou investindo em autogeração de eletricidade renovável para suas operações. Das avaliadas pelo estudo, mais de 200 pelo menos tem metade de sua energia a partir de fontes renováveis. A autogeração é o modelo de fornecimento mais comum, seguido por certificados de atributos de energia (EACs) e contratos de compra de energia (PPAs).
Segundo Amin, as corporações são responsáveis por cerca de dois terços da demanda final total de eletricidade do mundo, configurando uma transformação que merece ser observada. “À medida que os governos em todo o mundo reconhecem esse vasto potencial, o desenvolvimento de políticas que fomentem e incentivem o abastecimento corporativo no setor de eletricidade e além, injetará investimentos adicionais necessários em energia renovável”.
O relatório conclui que a tendência de fornecimento corporativo é generalizada e dinâmica, com as empresas participando da prática proveniente de vários setores. Em volume, a maior parte da energia renovável foi consumida no setor de materiais, enquanto as maiores parcelas do consumo de eletricidade renovável são encontradas nos setores financeiro e de tecnologia da informação, com 24% e 12% respectivamente. Os países da Europa e da América do Norte continuam a representar a maior parte do sourcing corporativo.