A Cemig aposta no sucesso de um leilão inédito para conseguir comprar energia competitiva para atender ao seu mercado. O certame está marcado para o dia 6 de junho e promete oferecer condições mais atraentes aos geradores eólicos e solar, em comparação com as condições que serão oferecidas pelo Governo Federal no leilão A-6, previsto para 31 de agosto. O montante a ser comprado não foi revelado.

Segundo diretor Comercial da Cemig, Dimas Costa, a empresa quer aproveitar a sobre oferta de projetos verificadas nos últimos leilões de geração para comprar energia incentivada e vender no mercado livre. “Baseados nisso, estabelecemos uma estratégia de fazer um leilão inédito, pegando carona na EPE… Estamos oferendo condições até mais vantajosas”, afirmou o executivo nesta terça-feira, 29 de maio, em reunião com analistas de mercado em Minas Gerais.

Depois da perda das hidrelétricas, apenas 1/3 do mercado da Cemig está sendo atendido por meio de geração própria. O restante do mercado é atendido por meio da compra de energia de terceiros. Além disso, disse Costa, há uma grande demanda por energia incentivada no mercado livre, que só não declarou “falência” ainda em função das transferências de energia do mercado regulado para o livre via mecanismo de MCSD.

A Cemig está oferecendo um contrato de 20 anos, a P90, na modalidade por disponibilidade. Enquanto o Governo passou a contratar a P50 e na modalidade por quantidade, onde o risco é maior para o gerador. Costa explicou que caso o gerador perfome abaixo de P90, ele terá a possibilidade de pagar essa diferença parcelado no ano seguinte a PLD. Por outro lado, toda energia gerada acima de P90, a Cemig se compromete a comparar. Conta a favor da empresa o fato da fonte solar não poder participar do A-6.

Nesta terça-feira, 29 de maio, a Cemig divulgou o resultado da habilitação do leilão, que visa contratar energia de todos os submercados, exceto Norte. Foram habilitados 181 empreendimentos de 44 empresas, totalizando 5.500 MW de potência instalada associada a um montante de energia superior a 2.000 MW médios.

Um dos motivos da Cemig aceitar apenas projetos habilitados pela EPE está relacionado aos riscos de transmissão. A Empresa de Pesquisa Energética só habilita empresas que tenham condições de escoar a sua energia.

A Cemig não vai desembolsar recurso nenhum para construir os projetos. O pagamento ao gerador só ocorrerá quando a energia for entregue no início de 2021. O pagamento antes dessa data só acontecerá se o gerador antecipar a operação da usina. Além disso, a Cemig não vai vender a totalidade da energia comprada no leilão antes de ter a segurança que o projeto vai perfomar.

“A venda da energia só acontece quando a gente ter certeza de que aquilo vai se performar e o empreendedor só recebe quando entregar a energia. Isso está bem analisado e é uma questão que não nos preocupa”, afirmou Bernardo Alvarenga, presidente da Cemig.

O diretor Comercial da Cemig garante que a empresa tem mercado para vender toda a energia que for comprada. “Nós temos um mercado muito grande e esse é o grande diferencial. Hoje tem 10 MW, 20 MW por mês querendo migrar e não tem essa energia”, disse Costa, que relatou que a companhia também está atenta a janela de oportunidade que se abrirá com a expansão do mercado livre.