Apesar de estar em uma situação financeira melhor do que estava em 2017, a Cemig segue com o seu plano de desinvestimento. Um dos grandes desafios é equacionar os problemas de alavancagem de sua subsidiária, a Renova Energia. O presidente da Cemig, Bernardo Alvarenga, disse que muito se avançou na redução da alavancagem da Renova com a venda dos Complexos Eólicos Alto Sertão I e II, e com a venda de um pipeline de cerca de 400 MW de Umburanas. Ele contou ainda que a negociação com a Brookfield em relação à venda de Alto Sertão 3 não avançou porque a empresa canadense estava exigindo garantias que a Cemig como empresa estatal não poderia cumprir.
“Realmente é uma situação muito delicada”, disse Alvarenga. “Eu não sei como a Renova chegou a essa situação. O que sei da Renova é que fiquei seis anos afastado e quando voltei no início de 2017 encontrei essa situação, de uma empesa que tinha 2.400 MW médios vendidos no PowerPoint… que para poder viabilizar tinha que ter investimentos de R$ 12 bilhões. O que nós fizemos foi tratar de desativar essa bomba. Era uma bomba que estava prestes a explodir, não tínhamos condições de fazer”, disse o executivo em reunião com analistas nesta terça-feira, 29 de maio, em Minas Gerais.
De acordo com o presidente, a Cemig não tinha condições de colocar mais dinheiro na Renova, restando como solução a liquidação de ativos. A Renova ainda tem em seu portfólio Alto Sertão 3, cujas obras estão paradas há dois anos, mais a Brasil PCH, além de 4,5 GW em projetos em carteira.
Alvarenga reconheceu que a redução das necessidades de investimento da Renova, em parte, contou com uma pitada de sorte, pois a queda do consumo de energia do país em função da crise econômica do Brasil nos últimos três anos permitiu que a Renova descontratasse muita energia via MCSD, evitando penalidades regulatórias que poderiam onerar ainda mais a companhia.
No pregão desta terça-feira, 29 de maio, as ações da Renova (RNEW11) eram negociadas R$ 2,12 às 16h59. Em 15 de setembro de 2014, o papel chegou a bater R$ 48,00 por ação. Um participante reclamou que não há explicação clara para entender o que aconteceu com a empresa ao longo desse período. Em suas palavras, a Cemig sempre vendeu a Renova como uma empresa com um “futuro promissor”.
O diretor de Desenvolvimento de Negócios, Daniel Costa, tratou de esclarecer que Cemig está tentando resolver o problema da Renova da melhor maneira possível e que a venda de Alto Sertão 3 vai ajudar a resolver a situação financeira emergencial, para depois pensar no futuro da companhia. Uma decisão de sobre qual será o futuro da Renova depois das vendas dos ativos não foi tomada pela diretoria da Cemig.
Para Alvarenga, houve um problema de gestão na Renova. “Acho que foi um problema de gestão de uma maneira global… Talvez com a mudança da situação econômica do Brasil, a expectativa que se tinha de vender energia, que iria arrumar recursos, muita coisa estava financiado pelo BNDES.”