O Conselho de Administração da Eletropaulo recomendou aos acionistas a aceitação da proposta da italiana Enel de R$ 32,20 por ação mais R$ 1,5 bilhão para a capitalização da distribuidora. Essa foi a conclusão que os membros chegaram na análise do parecer divulgado pela empresa. Esse posicionamento está baseado, essencialmente, no maior preço ofertado até o momento. Esse posicionamento é mais um passo na disputa que as empresas Enel e Neoenergia vem travando e representa uma reversão ante o que a concessionária paulistana considerava no final de abril quando apontou que a oferta da controlada pela Iberdrola seria mais vantajosa ante a da Enel.
“A eventual decisão dos acionistas da Companhia no sentido oposto, ou seja, de manter a sua posição, rejeitando a Oferta mais elevada hoje existente ou outra que venha eventualmente a superá-la, deverá adicionalmente considerar os compromissos formulados e as intenções manifestadas pelos atuais Ofertantes quanto à capitalização da Companhia e a sua manutenção (ou não) com a condição de companhia aberta, listada no Novo Mercado da B3, e os impactos que tais compromissos e intenções, se realizadas, poderão trazer para a situação financeira da Companhia e para a liquidez de suas ações”, alertou o conselho da distribuidora à venda.

Nesse sentido, apontou o parecer, o edital da OPA da Enel considera ainda no valor de aquisição o compromisso de capitalização da Eletropaulo no montante mínimo de R$ 1,5 bilhão, tanto em caso de sucesso da oferta, quanto na hipótese de insucesso, hipótese em que a Enel obriga-se a contribuir com o mesmo montante para o capital social da Companhia, nos mesmos termos e condições do follow-on, e ao mesmo preço por ação da maior oferta feita pela Enel no âmbito de sua proposta. E ainda, que a oferta não implicará o cancelamento do registro da Companhia como emissora de valores mobiliários categoria “A”, nem sua conversão para a categoria “B”, nem a saída do Novo Mercado da B3.
No caso da oferta da Neoenergia, relatou o parecer, o edital não trata do assunto da capitalização, não havendo, portanto, certeza quanto à futura operação na companhia e, em sendo o caso, quanto ao preço por ação que se pretenderá adotar. Além disso, caso a oferta da controlada da Iberdrola seja bem sucedida, a nova acionista avaliaria a permanência ou saída da Eletropaulo do Novo Mercado e caso haja a decisão pela saída, lançaria uma nova OPA, observado o disposto no Regulamento do Novo Mercado. E ainda, a ofertante analisaria, juntamente com a saída do Novo Mercado, mas não necessariamente de forma vinculada, a possibilidade de realização de oferta pública para cancelamento de registro de companhia aberta.
Quanto aos preços oferecidos pelas duas concorrentes as OPAs situam-se dentro do intervalo de valores apresentado pela metodologia de fluxo de caixa descontado, estando acima do ponto médio. E ambas têm sua eficácia condicionada à aquisição de mais de 50% das ações de emissão da distribuidora. Portanto, se essa quantidade mínima de ações não for atingida, nenhuma das ofertas não se consumarão.
Esta quarta-feira, 30, será um dia decisivo para as pretensões das empresas nessa disputa. Apesar de o leilão estar marcado para o próximo dia 4 de junho, segundo os procedimentos estabelecidos pela CVM as concorrentes poderão apresentar apenas uma única oferta final, entre 18h30 e 19h, por meio de aditamento ao edital de OPA contemplando aumento de preço ou renúncia a condições.
E no dia do leilão que está marcado para a segunda-feira que vem, apenas a maior proposta será levada aos acionistas que deliberarão pela aceitação ou não da oferta pelos papeis da distribuidora. No pregão desta quarta-feira, por volta das 13 horas as ações da empresa eram negociadas em R$ 34,65, elevação de 1,91% na comparação com o valor da abertura dos negócios na B3. Para efeitos de comparação, os papeis da empresa iniciaram o  mês de março na casa de R$ 18 por ação e desde então acumulam alta de quase 100%.