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A retirada de pauta da Medida Provisória 814 pode ter adiado uma solução para a usina nuclear de Angra 3, mas não diminuiu o interesse da russa Rosatom investir no país. A empresa além de já atuar na área de isótopos, conseguiu mais uma vez vencer a licitação para fornecimento de Urânio para as Indústria Nucleares do Brasil. Na área médica, ela acaba de fechar um acordo com a CK3 para a implantação de um Centro de Irradiação no Brasil. Ivan Dybov, presidente da Rosatom no Brasil, acredita que alguma decisão final sobre a usina deve ser tomada, uma vez que a Eletronuclear já gastou um montante significativo na usina. “Seria muito importante que ela começasse a funcionar. A Eletronuclear não está satisfeita por ter que custear a manutenção da área sem poder produzir. O interesse comum é solucionar esse problema”, afirma.

Há um memorando de entendimento entre a Rosatom e Eletronuclear para promoção da fonte nuclear e potencial construção de novas usinas no país. A MP ‘engavetada’ reajustava o preço da tarifa de Angra 3 e permitia a entrada de um sócio minoritário na usina, o que possibilitaria a entrada dos russos no projeto. As obras da usina estão paralisadas desde 2015, quando por falta de dinheiro, o canteiro de obras parou. Mesmo assim, o executivo da Rosatom não coloca o Brasil longe da empresa russa nem da energia nuclear. O maior volume de trabalho na América Latina está por aqui. Ele lembra que a Argentina cancelou um projeto nuclear e que o México vem conseguindo confirmar o seu programa da fonte. “Tem que levar em consideração que a energia nuclear é uma coisa demorada, que demanda vontade e estabilidade política e é um processo que não é tão rápido assim”, aponta.

Ele conta que cada país tem o seu processo de desenvolvimento do programa nuclear, diferentes um do outro. Naqueles em que a fonte está começando, ele é mais demorado, já em outros em que ela já está estabelecida, é mais célere. “O mais rápido é naquele país em que o governo entende que a usina nuclear não é só uma fonte de energia, é também um centro de desenvolvimento”, avisa. Na Hungria e na Finlândia os investimentos da Rosatom têm beneficiado outros setores além do elétrico. “Os países vão receber energia em um preço bom, mas também investimentos na indústria local”, comenta Dybov.

O centro em parceria com a CK3 será para esterilização de equipamentos médicos. Em breve, deverá ser assinado um acordo de acionistas para a implementação dele. A Amazônia Azul Tecnologias de Defesa, que desenvolve o submarino de propulsão nuclear, também é outra estatal que está no radar de parceria com a Rosatom. O interesse é além de fornecer equipamentos, ter uma colaboração maior com a empresa.

Com mais um Plano de demissão voluntária da Eletrobras em curso, a reposição de talentos na Eletronuclear é um tema que Dybov vê com atenção. Para ele, a atração de talentos para o setor passa pela conclusão da usina de Angra. “É importante desenvolver qualquer área de energia nuclear e atrair quadros e chamar jovens para trabalhar nessa área”, salienta. Para ele, o Brasil tem capacidade e bons quadros na engenharia. “Se o programa for bem desenvolvido e surgirem novas usinas, esse prestígio vai crescer e atrair novos estudantes”, conclui. O curso de Engenharia Nuclear da UFRJ tem parceria com a Rosatom para o desenvolvimento de talentos.