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A proposta de R$ 45,22 por ação da Eletropaulo feita pela Enel na última sexta-feira, 1º de junho, foi considerada elevada e surpreendente por consultores procurados pela reportagem da Agência CanalEnergia. O diretor da Thymos Energia, João Carlos Mello, lembrou das ofertas iniciais feitas pela própria Enel e ainda a da Energisa, de R$ 19,38, que estavam em níveis bem menores que o final. “Começou com menos de R$ 20”, afirma. Fernando Camargo, diretor da LCA Consultores, além de também considerar o valor surpreendente, acredita que o alto valor do negócio vai impactar nas próximas aquisições do setor. “A Eletropaulo é um ativo excepcional, fora do normal, mas traz no mercado um parâmetro de múltiplo novo, pode dificultar novas operações”, avisa.

Logo em seguida que foi divulgado que a Enel havia apresentado a oferta maior, a Fitch Ratings publicou relatório avaliando que a compra da distribuidora paulista não altera os fundamentos de crédito do grupo Enel Brasil nem os ratings das subsidiárias. De acordo com o relatório, é provável que a transação receba o auxílio parcial da Enel Américas, o que reforça os vínculos do grupo com o acionista controlador. Outro aspecto levantado é que haverá um ganho de escala e de diversificação de negócios. A mesma Fitch avaliou que a mudança de controle da Eletropaulo será positiva para os ratings da empresa, uma vez que ela passará a fazer parte da Enel no Brasil, que tem perfil de crédito mais forte.

A vitória deve tirar a italiana da disputa pelas distribuidoras da Eletrobras. Segundo João Mello, da Thymos, mais um foco nesse momento não é apropriado. “Os players que ganharam agora têm que rentabilizar o que ofertaram, não dá para fazer dois focos a mesmo tempo”. O desafio que a Enel já tem com a Enel Distribuição Goiás (antiga Celg) – privatizada em 2017 – pode ser um outro obstáculo para que ela se lance em mais uma compra. Embora o aspecto dos recursos necessários possa não ser um impeditivo, Camargo, da LCA, acredita que não seria razoável recuperar dois ativos ao mesmo tempo. “Não veria racionalidade em mais uma aquisição desse tipo, que traz muitos desafios”, aponta.

A disputa pela Eletropaulo evidenciou uma briga sobre quem seria o maior grupo de distribuição do Brasil. A Enel, que já atua no interior do Rio de Janeiro, Ceará e em Goiás, entra no estado de São Paulo. “Foi uma boa jogada estratégica”, comenta Mello. Já a Neoenergia, que está no Nordeste com Celpe, Coelba e Cosern, buscava a sinergia regional com a Elektro, de Campinas. Com a derrota, a Neoenergia pode se voltar para a compra das distribuidoras da Eletrobras de Alagoas e Piauí.

Um aspecto que o diretor da LCA salienta é que a chegada da Enel na Eletropaulo pode significar um investimento massivo na digitalização da rede paulista. A rede italiana já é digitalizada e Enel ressaltou esse aspecto no comunicado distribuído à imprensa após a vitória.

O desfecho na Eletropaulo pode acabar refletindo também na venda da Light (RJ). Embora seja um ativo com uma realidade completamente diferente da empresa paulista e sem interessados entusiasmados, uma vez que ela tem altos níveis de perdas e muitos desafios operacionais, a Light possui atrativos. É uma concessão com um número de unidades tão elevado quanto a Eletropaulo e também daria uma posição de liderança no mercado de distribuição ao seu novo dono. “Ela não desperta a atenção de players que tenham desejo de melhorar o ativo, como é o caso das distribuidoras da Eletrobras, mas a Light altera ranking”, avisa Camargo, da LCA.