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Os números mostram que o valor que a Enel se propôs a pagar pelas ações da Eletropaulo representam um prêmio alto quando se olharmos para o uma fotografia de hoje do desempenho operacional da distribuidora paulista e para a rentabilidade sobre o capital investido. Até mesmo o presidente da Enel Brasil, Carlo Zorzoli, reconheceu nesta terça-feira, 5 de junho, em coletiva de imprensa em São Paulo, que se for considerados os parâmetros de hoje, o preço de R$ 45,22 por ação “pode parecer elevado”.

Porém, a Enel tem um olhar estratégico de longo prazo e sabe os caminhos para criar valor aos acionistas e recuperar o investimento de R$ 7 bilhões, que pode ser ainda maior se outros acionistas da Eletropaulo aceitarem vender suas ações à Enel. Até o momento a empresa italiana comprou o equivalente a 73,4% do capital social da distribuidora paulista, mas os acionistas remanescentes têm até 4 de julho para decidir se vendem seus papéis.

Segundo Zorzoli, a concessão da Eletropaulo pode não ter uma sinergia territorial com os demais ativos de distribuição da Enel no Brasil, localizados em Goiás, Ceará e Rio de Janeiro. Porém, a aquisição tem uma sinergia global, permitindo a captura dos ganhos de escala proporcionados, por exemplo, com a unificação de processos, compra de insumos, digitalização de sistemas.

“Se olharmos o eixo [múltiplos de mercado] de hoje pode parecer um preço elevado, mas nós não compramos a companhia olhando como está hoje”, disse o executivo. “Acreditamos que com a nossa tecnologia, processos e sinergias que temos que não é tanto uma sinergia territorial… podemos levar a companhia a eixos razoáveis para o mercado em um prazo significativamente curto”, completou.

Além do ganho de eficiência operacional que a Enel pretende conquistar com a sua gestão na área de concessão da Eletropaulo, a companhia quer aproveitar oportunidades de aumento de receita fora do serviço regulado. Por meio da Enel X, a companhia pretende oferecer novos serviços nas áreas de geração distribuída, armazenamento de energia, eficiência energética e mobilidade elétrica.

“Também queremos oferecer aos clientes livres e que serão livres a possibilidade de comprar energia do grupo Enel”, disse Zorzoli. Tramita no Congresso uma proposta para modernizar as regras comerciais e regulatórias do setor elétrico brasileiro, sendo que a expansão do mercado livre está no centro desse processo.

O executivo reforçou que a compra da Eletropaulo não se tratou de um investimento financeiro. Objetivo é trazer inovação tecnológica, digitalização das redes elétricas e melhorar a eficiência e a qualidade do serviço de energia elétrica oferecido ao mais importante centro econômico da América do Sul.