O volume de 431,49 MW médios contratados pela Cemig por meio de um leilão privado representou 21,5% de toda a garantia física habilitada a disputar o certame. A empresa alega questões de estratégia interna para não divulgar os vendedores desse leilão nem o volume por fonte, mas indica, oficialmente, que a divisão entre a solar e a eólica deu-se de forma equânime, sem predominância de uma ou outra.
De acordo com o superintendente de compra e venda de energia no atacado da Cemig, Marcos Aurélio Alvarenga, a empresa quis aproveitar o fato de que o preço da energia dessas duas fontes nos leilões A-4 de 2017 e de 2018 foram mais baixos e aproveitar essa disponibilidade do mercado para completar seu portfólio e assim atender seus clientes no ACL.
“A Cemig tem aproximadamente 20% de market share no ACL do Brasil que é da ordem de 15 mi MW médios, ou seja, precisamos ter o produto para atender a esses clientes. A perda das usinas [Jaguara, Miranda e Volta Grande] provocou a redução de nosso portfólio de recursos”, explicou. “Tínhamos duas alternativas, a primeira investir em usinas próprias e aumentar nosso parque gerador, mas estamos com uma capacidade limitada pela questão financeira. A segunda é comprar energia de terceiros para atender a demanda de nossos clientes e nossa avaliação é de que os preços nos leilões da Aneel foram competitivos e por isso optamos por esta alternativa”, acrescentou o executivo.
Alvarenga comentou que o volume contratado ficou dentro das expectativas da companhia. E que esse volume não tinha como o objetivo substituir diretamente os volumes de garantia física das três UHEs que foram relicitadas pelo governo federal. Somadas, as três usinas tinham 1.212 MW de capacidade instalada e garantia física de 769,8 MW médios. Essa energia estava totalmente descontratada do ACR podendo ser alocada ao ACL quando sob contrato de concessão com a estatal mineira.
“Ao total foram habilitados no leilão pouco mais de 180 empreendimentos que totalizavam 5,5 GW de capacidade instalada e uma garantia física de mais de 2 GW médios”, reportou o executivo da Cemig. “O resultado, na nossa avaliação, é bastante positivo, a quantidade de energia é expressiva e as condições de preços dentro do que esperamos. Acreditamos que conseguiremos revender ao mercado livre com certa tranquilidade e retorno adequados”, apontou.
Dentro dessa estratégia de não revelar números, o executivo não indicou nem ao menos o deságio médio que a disputa registrou. Disse apenas que houve interessados no leilão que não estavam cadastrados no certame da Aneel que manifestaram a intenção de vender energia para a empresa, mas que não puderam fazer parte da disputa por não estar permitido pelo edital. Contudo, destacou ele, esses empreendimentos não estão descartados para outras parcerias mais para o futuro.
Os contratos terão início de fornecimento em janeiro de 2022 e duração de 20 anos. Segundo comunicado oficial da empresa, os empreendimentos vencedores do certame totalizam 1.240 MW de capacidade instalada.
Preço apertado
Segundo apurou a Agência CanalEnergia com fontes do mercado, o preço teto estabelecido pela Cemig para o leilão foi de R$ 130/MWh para ambas as fontes. Esse valor foi avaliado como em um patamar que afastou interessados por conta da relação entre o preço máximo e a possibilidade de financiamento dos projetos.
Para efeitos de comparação, no leilão A-4 deste ano para a fonte eólica o valor máximo começou em R$ 255/MWh e fechou em R$ 67,60/MWh com quatro projetos da EDF Renewables, deságio de 73,5% e no de 2017 foi de R$ 276/MWh e fechou em R$ 108/MWh em dois projetos da Voltalia. Por sua vez, em 2018 a solar passou do preço teto de R$ 312 para R$ 118,07, queda de 62,16% e no certame do ano passado o preço teto ficou em R$ 329/MWh para encerrar entre R$ 143 e R$ 146/MWh.