A agência de classificação de risco Moody’s elevou os ratings corporativos e seniores sem garantia da Eletropaulo de Ba3/A3.br para Ba2/Aa3.br, na escala global e nacional respectivamente. A perspectiva é estável.

A elevação reflete a expectativa da agência de melhora da performance que a distribuidora terá com o suporte adicional às já adequadas métricas de crédito da empresa em termos de liquidez e alavancagem. A ação de rating também considera o acordo feito em março com Eletrobras, na qual a Eletropaulo pagará R$ 1,5 bilhão em um período de aproximadamente quatro anos, assim como a aquisição do controle da empresa pela Enel Americas, o que trará uma injeção de R$ 1,5 bilhão em capital adicional, fortalecendo adicionalmente a estrutura da companhia.

Na análise da Moody’s, os ratings recebem suporte dos fluxos de caixa relativamente estáveis da Eletropaulo, provenientes da concessão de longo prazo de distribuição de eletricidade na área metropolitana mais rica do país, o que direciona as métricas de crédito fortes para a categoria de rating.

Por outro lado, os ratings também levam em consideração que a concessionária é uma operação puramente doméstica com ligações claras com os fundamentos de crédito do Brasil, como é capturado na qualidade de crédito do soberano, devido a sua base de clientes e financiamento regional. O plano de investimentos relativamente elevado para suportar o aprimoramento da rede e prevenir perdas antes do novo clico de revisão tarifária em 2019 também limita os ratings, bem como um potencial aumento de pagamento de dividendos no futuro.

A perspectiva estável reflete a expectativa da agência de que a Eletropaulo terá fluxos de caixa relativamente estáveis no período projetado e manterá liquidez e métricas de crédito adequadas para a categoria de rating. Além disso, o arcabouço regulatório favorável em geral e a perspectiva estável para os ratings dos títulos de dívida do governo brasileiro também são incorporados na análise do caso da companhia, dada a natureza doméstica de suas operações e, consequentemente, suas ligações com o ambiente econômico/regulatório local, e sua qualidade de crédito final.

Para a Moody’s, uma elevação dos ratings é improvável no curto prazo. Um aumento dos títulos de dívida do governo brasileiro poderia desencadear uma pressão de alta sobre os ratings da empresa, tendo em vista as ligações intrínsecas entre a Eletropaulo e o soberano. Além disso, no entendimento da agência, um suporte adequado e oportuno da Enel Américas, como acionista controladora, poderia provocar uma pressão de alta no perfil de crédito intrínseco da companhia, que é limitado atualmente pela qualidade do crédito soberano.

Em contrapartida, uma deterioração da qualidade do crédito soberano poderia exercer pressão negativa sobre os ratings, que poderão ser rebaixados também se houver uma deterioração significativa e sustentada das métricas de crédito e liquidez da empresa. Quantitativamente, os ratings ou a perspectiva ficariam sob pressão de queda se a cobertura de juros permanecer abaixo de 1,8x, e o CFO pré WC sobre Dívida abaixo de 5% por um período prolongado. Na percepção da agência de risco, uma deterioração da estabilidade e transparência do regime regulatório adicionaria também pressão aos ratings assim como se os volumes ficarem consistentemente abaixo da previsão da análise.