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O panorama global da geração solar fotovoltaica ainda depende muito fortemente da demanda da China. Essa é a principal conclusão ao analisar os volumes de nova capacidade instalada em 2017. De acordo com dados da Agência Internacional de Energia, foram 53 GW neste que é o maior mercado mundial. Sem esse país o crescimento mundial ocorreria, mas em um patamar de apenas um dígito. Acontece que no ano passado países tradicionais apresentaram demanda mais baixa, porém novas geografias começam a despontar nessa fonte e estamos vendo uma retomada na Espanha, mas de forma a valorizar mercado e não mais com base em pesados subsídios governamentais.

O presidente executivo da Absolar, Rodrigo Sauaia, destacou que esses novos mercados começam a ganhar escala e em grande velocidade de implantação. Entre eles estão a Índia e a Turquia, bem como a Europa fora da comunidade europeia.
Em termos globais a fonte alcançou o 400 GW em capacidade instalada ante os 300 GW do final de 2016. De acordo com Michael Schmela, diretor geral da Solar Power Europe, a China foi o grande expoente desse volume com 53 GW. Novos países surgiram no ano passado e surpreenderam o setor, um deles foi a Turquia com o primeiro lugar entre os volumes implantados, com 1.788 MW, ou 21% e toda a nova capacidade naquele continente, ficou à frente da Alemanha com 1.753 MW e do Reino Unido que em 2016 foi o líder na expansão anual e que em 2017 promoveu o incremento de 954 MW à sua matriz. Outro mercado de destaque ficou com a Índia, com algo próximo a 9 GW em 2017 e possivelmente poderá alcançar 10 GW em 2018 e que possui potencial, inclusive de ultrapassar os Estados Unidos em termos de nova capacidade.

Os mercados da União Europeia e dos Estados Unidos foram classificados por ele durante sua apresentação transmitida no Brasil Solar Power 2018, como desapontadores em função de seu baixo índice de crescimento. O primeiro por razões ligadas ao baixo crescimento da demanda de energia e o segundo pelas incertezas políticas. Ao comparar o avanço apenas nos 28 países membros da União Europeia com o volume acrescido por todos os países que formam o continente, a diferença entre os indicadores de crescimento foram bastante expressivos, no primeiro grupo ficou em 6% no ano passado contra 28% no segundo grupo.

Retomada
Uma tendência que começa a aparecer em mercados tradicionais na Europa é a redução cada vez maior e até mesmo a eliminação dos incentivos e subsídios que marcaram os primeiros anos da expansão das renováveis por lá. Na Alemanha, por exemplo houve um recuo nos preços da energia solar de abril de 2015 a fevereiro de 2018 de 53%, passando de 9,2 centavos de euros por kWh para 4,33 centavos. No sul da Europa, desde que as políticas de preços estejam estabilizadas é possível chegar a até 2,6 centavos de euro por kWh, apontou Schmela.

Um outro mercado que vem apresentando uma retomada é a Espanha. José Donoso, diretor geral da União Espanhola Fotovoltaica, descreveu o cenário por lá como de grande perspectiva com a retomada de investimentos. Tanto que houve a contratação de 3,9 GW da fonte por meio de leilão visando o mercado.

“As palavras feed-in e subsídios não estão mais na ordem do dia do setor solar fotovoltaico na Espanha, agora são PPA e mercado”, definiu. “Temos agora os primeiros projetos que estão em busca de uma nova solução ao enfrentar barreiras, o mais importante é que grandes empresas estão analisando meios ou negociando a compra de PPAs”, apontou ele em seu depoimento transmitido no evento realizado no Rio de Janeiro, nesta terça-feira, 12 de junho.

Segundo ele, as empresas na Espanha devem acostumar-se aos riscos do mercado e para isso precisam reinventar-se para essa nova realidade para que o segmento possa desenvolver-se adequadamente e atender as metas de 2030 que prevê algo entre 30 a 70 GW de capacidade instalada desta fonte. Além disso, já está claro que os sistemas do mercado são capazes de dar os sinais de preços adequados. A Espanha vive um período de queda na expansão das renováveis por lá em função da retirada dos subsídios às fontes por conta da crise econômica. “Agora, acreditamos que há um cenário diferente e promissor que permite ver que a tecnologia solar fotovoltaica marque o rumo do atendimento das necessidades energéticas da Espanha“, finalizou.