Os eletricitários decidiram permanecer em greve nesta quarta-feira, 13 de junho, mesmo após o Tribunal Superior do Trabalho (TST) estipular multa de R$ 100 mil por dia. O TST considerou a greve legítima, mas exigiu que ao menos 75% dos funcionários retornem ao trabalho. A greve começou na última segunda-feira, 11 de junho, com previsão de durar 72h.

Segundo o Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE), a maioria dos próprios empregados decidiram continuar mobilizados pelo prazo de 72 horas, conforme previsto desde o início. A decisão foi tomada a partir de assembleias realizadas em cada uma das sedes da holding e suas subsidiárias ou dos empreendimentos da companhia. A maior parte das unidades regionais das empresas de geração e transmissão da Eletrobras (Furnas, Eletronorte, Chesf e Eletrosul) permanecem em greve.

O CNE garante que, apesar da adesão maciça dos eletricitários à mobilização, a prestação dos serviços essenciais e as unidades de manutenção emergencial foram mantidas, para que não houvesse qualquer prejuízo aos consumidores.

“Com a decisão da justiça e após os devidos esclarecimentos, os trabalhadores analisaram o cenário e decidiram que o caminho mais adequado para atingirmos nossos pleitos é a manutenção da greve de 72h. Conforme entendimento da categoria após esta deliberação, os Comitês de Convencimento serão reforçados pelos próprios trabalhadores que permanecerem em greve. Temos certeza de que os colegas continuam sensíveis à causa e de que a adesão continuará muito grande”, declarou o Engenheiro Felipe Araújo, diretor da Associação dos Empregados de Furnas (ASEF), em nota à imprensa.

Os eletricitários estão em greve pela posição contrária à privatização da Eletrobras, mas o principal pleito do movimento é a saída do presidente da companhia, Wilson Ferreira Junior. A categoria entende que o CEO não reúne as condições mínimas necessárias para permanecer no cargo, pois o consideram com a imagem muito desgastada, diante da esfera política e principalmente diante dos empregados, após sucessivas situações embaraçosas ocasionadas pela sua postura em relação aos trabalhadores e ao processo de privatização da estatal.

ABERTURA DE CAPITAL

Na última terça-feira (12), representantes do CNE foram recebidos pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, para discutirem os caminhos da privatização da Eletrobras. Também participaram do encontro o deputado Federal José Carlos Aleluia (DEM-BA), relator do PL 9463/18, que trata da privatização da estatal elétrica, e o deputado Federal Fabio Garcia (DEM-MT), relator do PL 1917/15, que trata da portabilidade da conta de luz, ambas em tramitação na Câmara.

Durante a reunião os representantes dos trabalhadores demonstraram sua posição claramente contrária à venda da estatal, e de outro, os parlamentares deixaram claro que é importante dar continuidade às votações de matérias importantes para o Governo.

De acordo com a CNE, em busca de entendimentos futuros, Maia e seus pares comprometeram-se a apreciar as emendas feitas ao PL 9463/18, especialmente o substitutivo apresentado pelo deputado Leonardo Quintão (MDB-MG), que propõe a abertura do capital das empresas de geração e transmissão do Grupo Eletrobras, com inserção dessas no Novo Mercado B3, e que poderá proporcionar ganhos maiores à União do que o previsto pelo texto atual do Projeto de Lei, mantendo o controle da companhia nas mãos do Governo.

Também ficou resolvido, ainda de acordo com a CNE, que serão retiradas do texto do PL 1917/15 todas as menções ao processo de privatização ou assuntos tangentes. Para isso, os trabalhadores contarão com parlamentares da oposição, que ingressarão com emendas ao Projeto de Lei já com as alterações neste sentido.