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A Matrix Energy Trading vem conseguindo avançar em um dos temas tidos como grandes desafios do setor eólico: avançar no mercado livre. A comercializadora conseguiu para quatro geradores e oito consumidores 145 MW médios de energia eólica em contratos com prazos de 12 a 20 anos. De acordo com Claudio Monteiro, diretor da comercializadora, apresentar aos agentes financeiros esse tipo de contrato mais longo propicia a eles uma sustentação para a condição de crédito ao projeto. “Com esses contatos, a gente cria perante bancos de fomento recebíveis que dão condições deles financiarem os projetos eólicos no ACL”, explica Monteiro, que participou no último dia 7 de junho, de evento promovido pela Associação Brasileira de Energia Eólica sobre o mercado livre, em São Paulo (SP).
Monteiro contou que outro fator que auxilia na viabilização dos projetos é tem um rating concedido por agência de classificação de risco. A Matrix é a única comercializadora do Brasil que tem rating de investiment grade, concedido pela Fitch. “Outros players que queiram ter acesso a fundings estruturados por bancos de fomento têm que estruturar essa parte de rating de crédito”, avisa. Além dos PPAs mais extensos, ratings de créditos e parcerias com fabricantes de equipamentos também são outros requisitos que os bancos têm buscado para concessão de financiamento.
O aspecto do risco também foi ressaltado pelo executivo da Matrix na apresentação. Segundo ele, o maior trabalho de uma comercializadora é mitigar os riscos, no caso dando para o gerador e para o consumidor que compram a energia a garantia que ele vai ter o que contratou. Ainda segundo Monteiro, no caso do gerador eólico, ele gera em uma curva e o consumidor recebe em outra. “A função do comercializador nessa hora é fazer que os dois mundos completamente diversos e às vezes tão complementares se comuniquem de alguma maneira para garantir a segurança na entrega e no recebimento”, aponta. O produto deve ter mais êxito com médios e grandes clientes, uma vez que eles terão mais condições de pegar um PPA de 12 a 20 anos.
A Matrix vem trabalhando nesse tipo de produto há um ano e meio. Para Monteiro, é um produto que deve ser bastante estudado, analisando de maneira minuciosa todas as variantes envolvidas e os obstáculos de mercado enfrentados pelos geradores e consumidores na alocação e na compra de energia. O tempo de maturação do produto, é um aspecto que ele frisa como fundamental. “Não começamos a 15 dias e sim há 18 meses. Agora ele começa a dar frutos. Os primeiros contratos estão sendo sacramentados agora”, relata. A comercializadora sempre deverá buscar todas as soluções em vários cenários, de modo a garantir o suprimento tanto de quem compra quanto de quem gera.
Monteiro vê o mercado receptivo ao produto apresentado, em especial na parte de geração, uma vez que os preços no ACR têm atingido níveis bem baixos nos últimos leilões. “Você vê o preço do ACL em 10 a 20 anos sendo transacionado acima de R$ 120, tem um spread de preço bastante razoável”, comemora. Do lado do consumidor, os preços de curto prazo mais altos estão fazendo com que eles façam contratos mais longos para mitigar a curva de preços ao longo do tempo com preços mais competitivos. “É uma janela de oportunidade ganha-ganha para o gerador, que pode ter um contrato financiado pelos bancos de fomento, e para o consumidor sair desses preços que estão sendo praticados”, conclui.