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Enquanto a economia do hidrogênio não deslancha no Brasil, uma startup brasileira destinada a produção de hidrogênio consegue entrar no mercado americano. A Ergostech, fundada em 2004, vai construir no estado da Califórnia uma planta para produção do insumo. A empresa surgiu para produzir biohidrogênio através de resíduos agroindustriais, quando desenvolveu parcerias com a Petrobras e a cervejaria Sapporo. “Queremos converter os resíduos que acabam se tornando nossa matéria-prima, gerando biohidrogênio que pode ser convertido em hidrogênio, fertilizante renovável ou ainda captura de CO2 para comercializar”, explica.

A CEO da empresa, Luciana Yumi, conta que em 2011, já havia a consolidação para a produção em escala, mas a economia do hidrogênio ainda não estava acontecendo por aqui. Ela então ainda insistiu durante três anos, participando de missões para o Japão, conhecendo modelos de cidades que eram exitosas nos testes com a tecnologia e trabalhavam com a população explicando como seria feito o uso da fonte. “Tentamos buscar parcerias com cidades e o governo federal, mas não encontramos isso”, lamenta.

Foi então que, ao longo dos anos seguintes, Yumi conheceu membros do Departamento de Energia dos Estados Unidos que a convidaram a ir para a Califórnia, aonde a economia do hidrogênio começava a acontecer. “No começo de 2017, fomos em uma missão conversar com o Departamento de Novos Negócios local”, relata. Ela lembra que a apresentaram todo o programa de hidrogênio e as ações do país para colaboração com o Protocolo de Paris.

A executiva conta que o apoio do governo americano veio não só em termos de incentivos fiscais e financeiros, mas também de órgãos que indicaram os caminhos a procurar e as pessoas certas. “Perguntam se querem conhecer os advogados locais, contadores, os possíveis parceiros e todos estão trabalhando de acordo com o plano estadual, com metas claras e não só em relação as metas ambientais do estado, mas em geração de empregos, atração de novos negócios, que estão totalmente alinhados com os condados e municípios”, afirma.

A fábrica será inaugurada no começo de 2021 e vai ter capacidade de produção de duas toneladas por dia de hidrogênio. Esse valor dá para suprir 40% da demanda na Califórnia para o mercado veicular. A fábrica deve gerar em torno de 20 empregos altamente qualificados. Yumi também quer destinar o hidrogênio para energia. Segundo ela, a fonte poderia ser usada na intermitência das usinas eólicas e solares da região.

Para que a fonte entre em pauta de vez no Brasil, Yumi pede que o hidrogênio entre na geopolítica do país. Ela critica a pouca atenção dada pelos Ministérios de Minas e Energia e Ciência e Tecnologia, que segundo ela deveriam estar acompanhando as experiências e práticas exitosas de outros países, além de ouvir as empresas da cadeia industrial e as que atuam no setor. “Não há nada de errado em replicar esses modelos e ajustar à realidade do Brasil”, avisa. Ela também pede metas para determinados setores que poderiam atuar com o hidrogênio, de modo que se possa fomentar o seu uso e aplicar multas em quem não atingir essas metas.