A Cemig apertou o cerco contra os consumidores que insistem em praticar furto de energia – popularmente conhecido como “gato”. Já são mais 176 mil inspeções realizadas desde o início de 2017, quando a empresa intensificou os mutirões para combater esta prática criminosa que gera prejuízo anual de R$ 300 milhões.
Durante as operações, foram encontrados aproximadamente 68 mil equipamentos com indícios de fraudes, cerca de 40% dos medidores inspecionados. Os aparelhos suspeitos foram retirados e levados para perícia no laboratório da companhia. Desde o início da fiscalização até então foram cerca de R$ 48 milhões recuperados em receita operacional.
Durante as incursões, realizadas em toda área de concessão da companhia, cerca de 23% das fraudes constatadas estavam em equipamentos de medição em unidades consumidoras de classe média/alta. Outras 36% foram identificadas em unidades comerciais e industriais de grande consumo, como algumas academias de luxo localizadas na capital mineira.
De acordo com o superintendente de Gestão da Receita da Distribuição da Cemig, Helton Diniz Ferreira, a tarifa dos consumidores mineiros poderia ser até 5% mais barata se não houvesse ligações irregulares e clandestinas na área de concessão da Cemig. Por isso, a companhia investe em operações e possui, ainda, um centro de inteligência que acompanha o consumo em tempo real de todos os seus clientes.
“Acompanhamos o consumo dos mais de 8 milhões de clientes e, além de fazer a rotina diária de inspeções por meio dessas avaliações de consumo, fazemos inspeções rotineiras e mutirões em todos o estado. Temos encontrado muitas irregularidades e, ao corrigi-las, conseguimos preservar a receita da companhia”, destacou o superintendente.
Diniz ressaltou que as fraudes acontecem em todas as classes sociais e precisam ser combatidas exaustivamente para conscientizar a sociedade. “É uma questão de cultura e estamos combatendo isso. O prejuízo é rateado entre a Cemig e todos os consumidores adimplentes, diminuindo os ganhos da distribuidora e encarecendo a tarifa para aqueles que usam a energia de maneira honesta”.
Caso seja confirmada a irregularidade pela empresa, o titular da conta pode responder criminalmente, já que a intervenção é crime previsto no artigo 155 do Código Penal e prevê multas e pena de um a oito anos de reclusão, além da obrigação de ressarcimento de toda a energia furtada e não faturada em até 36 meses, de forma retroativa.
Além da sobrecarga na rede elétrica, as ligações fraudulentas podem causar graves acidentes, danos aos equipamentos elétricos e queda na qualidade da energia, devido às constantes interrupções no sistema elétrico provocadas pelo consumo irregular. “Vale lembrar, ainda, que várias ocorrências de rompimento de fios e queima de transformadores são registradas devido a essa prática criminosa”, finalizou Helton Diniz.
As ligações irregulares e clandestinas representam a segunda maior causa de mortes com eletricidade no Brasil, atrás apenas de acidentes fatais na construção civil e manutenção predial. A população pode denunciar irregularidades pelo telefone 116. O risco de acidentes decorre da falta de padronização e de proteção adequada das ligações ilegais, que muitas vezes deixam os cabos de energia expostos.