As Indústrias Nucleares do Brasil e o Laboratório de Acústica e Meio Ambiente da Universidade de São Paulo vão mapear o ecossistema do entorno da Fábrica de Combustível, em Resende (RJ), a partir do estudo de sons no local. A pesquisa é inédita e tem como objetivo desenvolver uma ferramenta para contribuir com o monitoramento ambiental por meio da paisagem acústica, ou seja, pelos diversos sons presentes de origem animal, natural ou provocados pelo homem. Com o estudo, será possível obter grande volume de informações sobre a biodiversidade local, comunicação animal, identificação de espécies raras, análise de impacto ambiental, além de mudanças estruturais de florestas e biomas por fatores antrópicos, desmatamentos, incêndios.
Na região, foram instalados equipamentos que vão coletar sons até abril de 2019, ao longo de 448,7 hectares. São quatro gravadores com longa autonomia de funcionamento. De acordo com Rodney Santos, coordenador de Meio Ambiente e Proteção Radiológica Ambiental da INB, a cada dois meses será feita a troca de cartões e pilhas dos equipamentos, os sons gravados serão baixados e encaminhados para análise. A partir daí as informações serão processadas na USP.
Os pontos de análise foram escolhidos de maneira a contemplar diferentes estágios de recuperação florestal: uma área encontra-se na etapa inicial do programa de restauração da INB, de 3 a 6 anos; outra em estágio intermediário, de 10a 15 anos; a terceira conta com mais de 20 anos de restauração ambiental; e o quarto ponto escolhido foi uma área nunca degradada do bioma Mata Atlântica, que servirá de referência. Segundo Santos, com isso, poderá se indicar o grau de recuperação dessas áreas. Os sons gravados também ficarão disponíveis para a INB.
Com o projeto, pesquisadores pretendem formar um banco de dados pioneiro no país e no mundo com os sons gravados durante a pesquisa. Como a avaliação dos processos de restauração florestal envolve a análise de diversos parâmetros – como cobertura do solo e presença de animais – a iniciativa tem potencial de contribuir com a avaliação e validação do cumprimento do Programa de Recuperação Florestal da INB.