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O leilão de transmissão realizado na quinta-feira, 28 de junho, foi marcado pela forte presença da indiana Sterlite, que entrou de forma mais expressiva no mercado brasileiro ficando com seis dos 20 lotes ofertados e investimentos de R$ 3,6 bilhões, mais de 50% do total previsto pela Agência Nacional de Energia Elétrica. Dos 14 projetos restantes, quatro ficaram com agentes tradicionais do setor elétrico nacional, a Cteep com dois lotes, a CPFL e Energisa com um cada. Em comum, estas empresas destacaram as sinergias com suas operações como fatores preponderantes para saírem vitoriosas da disputa.
A indiana ficou com a maior parte dos maiores lotes em termos de RAP máxima permitida pela Aneel. Já dos outros quatro mais elevados, três ficaram com as empresas brasileiras. Deixando assim, os menores para as demais de menor tradição no segmento por aqui.
No caso da Cteep, que é controlada pela colombiana ISA, os lotes 1 e 10 apresentaram os dois maiores deságios do leilão, com 66,65% e 73,92%, respectivamente. Tanto que de um total de R$ 153,5 milhões de RAP permitida a empresa ofereceu R$ 48,5 milhões. Os investimentos somados estipulados pela Aneel somam R$ 879,3 milhões.
De acordo com a empresa, os recursos para a implantação dos empreendimentos serão obtidos através de aportes de capital dos acionistas e os projetos buscarão apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, do mercado de capitais através de Debêntures de Infraestrutura e demais fontes de financiamento disponíveis, sem detalhar qual deverá ser o nível de alavancagem desses empreendimentos.
“As conquistas fazem parte da estratégia de crescimento sustentável da ISA Cteep, por meio de investimento na implementação de infraestrutura e operação de novos empreendimentos. A Companhia reforça o compromisso de criação de valor com projetos que contribuirão para a expansão do sistema de transmissão de energia elétrica do Brasil. Além disso, os projetos podem proporcionar sinergia com as operações da Companhia”, destacou em seu comunicado.
A Energisa ficou com o lote de número 19, quando o certame adentrava um horário pouco usual para essa modalidade de evento, próximo às 21 horas. A disputa foi travada com os indianos da Sterlite que, dessa vez, não acompanharam a oferta na terceira rodada do viva voz.
De acordo com o CFO da Energisa, Maurício Botelho, a sinergia do projeto arrematado foi um dos pontos que levaram à competitividade da companhia. O trecho obtido é a continuação de outro que a companhia havia conseguido no leilão de abril de 2017, o lote 26 daquele certame. “Buscamos por sinergias com outros lotes e os futuros lotes que poderão ser colocados nos próximos leilões. Por isso avaliamos os lotes 2, 3, 4, 7, 11, 12, 13, 15, 16 e 19, ficando com este último”, destacou ele em teleconferência com analistas e investidores para abordar o resultado da disputa.
O executivo relatou que para o empreendimento arrematado a empresa obteve uma otimização em relação ao Capex do trecho na ordem de 25%. Esse indicador deve-se à possibilidade de integração com o projeto do ano passado e pela contratação do mesmo epecista às mesmas condições do empreendimento que já está em andamento e que poderá entrar em operação comercial em prazo menor que o estabelecido em contrato com a Aneel, mesma perspectiva que há para este arrematado na noite de quinta-feira.
“Estamos trabalhando com uma margem de segurança e nossa previsão é de que possamos antecipar este ativo em 12 meses”, declarou Botelho. A empresa ofertou uma RAP de R$ 33,5 milhões ante o teto de R$ 78,3 milhões, deságio de 57,18%. Com isso, a Energisa ficou com o seu terceiro ativo de transmissão. Assim como a Cteep, a empresa avalia financiar o projeto, que poderá ser feito por cerca de R$ 360 milhões, considerando o desconto indicado por ele ante a estimativa da Aneel, por meio da emissão de debêntures de infraestrutura, e ainda, a busca de incentivos fiscais já que o projeto está dentro da área de atuação da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia, a Sudam.
Agora a companhia possui três ativos de transmissão com R$ 120 de RAP já atualizadas pelo IPCA e investimentos que somam R$ 1,1 bilhão.
O menor dos lotes conquistados pelas tradicionais empresas do setor elétrico ficou com a CPFL Geração de Energia no lote 9. A companhia ficou com o projeto no Ceará, onde possui operação de sua subsidiária CPFL Renováveis ao ofertar uma RAP de R$ 7,9 milhões para o empreendimento, desconto de 52,76%. O lote é formado pela subestação Maracanaú II, com 450 MVA de potência, e trechos de linha de transmissão com 2 quilômetros de extensão. Esse ativo representou a estreia da companhia em transmissão naquela região do país, uma vez que suas incursões resumiam-se nos últimos anos a duas SE no estado de São Paulo que receberam R$ 200 milhões de investimentos.
A obra, tem previsão de investimento de R$ 65 milhões ante uma estimativa da Aneel de R$ 102,2 milhões, redução de 36,3%. De acordo com a vice-presidente de Operações de Mercado da CPFL Energia, Karin Luchesi, a conquista do projeto faz parte da estratégia de expansão do Grupo CPFL no que comumente chamam de ‘transmissão de nicho’, ou seja, ativos que possuem sinergias operacionais com as distribuidoras e empreendimentos de geração. No Ceará, a empresa possui operação por meio de parques eólicos do Complexo Pedra Cheirosa, litoral norte do Ceará e litoral sul daquele estado próximo às cidades de Aracati e Cascavel. Ao total, o grupo opera 12 usinas eólicas no estado, totalizando uma capacidade instalada de 427 MW.