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Em uma década de estudo e investimentos que somaram R$ 17 milhões de 2013 a 2018, a CPFL Energia encerrou seu projeto P&D de mobilidade elétrica para automóveis e seus impactos no setor. As principais conclusões obtidas no estudo são de que 80% da rede todo o país está preparada para atender a demanda por este tipo de veículo e de que é necessária uma política voltada mais para a questão de política tributária do que para a regulação técnica para o segmento avançar por aqui, considerando uma taxa de penetração de 5% de veículos elétricos na frota total.
Para efeitos de comparação, apenas Noruega e Holanda superam, atualmente, os 5% de participação de veículos elétricos em suas frotas. Outros quatro países – Suécia, França, Reino Unido e China – possuem penetração um pouco superior a 1%. Já no lado da oferta as projeções da CPFL Energia apontam que o uso desta tecnologia ampliaria entre 0,6% e 1,6% o consumo total de energia em 2030, considerando uma frota de carros elétricos variando entre 4 milhões e 10,1 milhões de unidades.
O gerente de Inovação da empresa, Renato Povia, diz que a parte técnica está em andamento por meio da revisão da resolução 482 da Aneel. Além disso, há cerca de duas semanas houve a regulamentação da recarga de veículos elétricos, um fator que sanou uma gama de incertezas que havia nesse assunto. Essa resolução normativa foi publicada na edição desta quinta-feira, 5 de julho, do Diário Oficial da União.
Povia explicou que a empresa vem estudando desde 2008 o tema, mas que o assunto ganhou um projeto mais estruturado a partir de 2013 com o P&D da Aneel. E que nesse tempo a empresa identificou a tendência e a certeza de que no futuro toda a mobilidade urbana migrará dos veículos a combustíveis fósseis para a eletricidade, pois essa segunda apresenta o dobro de eficiência no aproveitamento da energia. As únicas dúvidas acerca do tema estão no prazo e qual será a velocidade dessa mudança.
“Avaliamos impactos e cenários de maturidade do mercado automotivo na rede elétrica e não há gargalos para até 5% da frota sendo de veículos elétricos em 2030. Quanto à geração também não identificamos esses gargalos, pois temos 12 anos para preparar a rede para esse aumento de consumo de energia que seria em um patamar moderado e orgânico, posso dizer que o setor elétrico está pronto para o crescimento”, apontou ele.
Setor elétrico brasileiro está preparado para receber até 5% de penetração da frota por meio de veículos elétricos
Renato Povia, da CPFL Energia
Segundo o executivo, um dos pontos principais para o avanço da mobilidade elétrica por meio de automóveis é o programa Rota 2030 que ainda está em discussão. No que tange à Aneel, um dos pontos de destaque é a regulamentação do modelo de cobrança pelo abastecimento. A nova resolução da agência aponta que este não é um serviço regulado pela distribuidora local, podendo ser aberto a interessados na atividade, o que reduz a incerteza para a recarga.
Apesar desse aspecto regulatório sanado, Povia destaca que o comportamento do proprietário de um veículo elétrico é de carregar o automóvel em sua residência ou em seu trabalho em função de ser o local onde fica mais tempo parado, por isso, comentou ele, a tendência é de que diferentemente do que existe hoje com os postos de abastecimento de combustíveis fósseis, os eletropostos serão menos comuns em vias públicas dentro de municípios e mais comuns em rodovias, para que esses automóveis possam cobrir maiores distâncias, como a viagem entre Campinas e São Paulo. Essa afirmação toma como base a experiência da companhia com o corredor entre as duas cidades com eletropostos ao longo das duas principais rodovias que ligam as cidades.
“Com essa definição da Aneel o serviço de recarga não fica restrito como mercado regulado e sim um mercado competitivo e que todos os agentes podem explorar. Nossa visão é de que essa questão ajuda no amadurecimento do mercado”, acrescentou o executivo da CPFL.
De acordo com os resultados do estudo da CPFL, o perfil de carregamento dos automóveis é de 80% na residência dos consumidores, 15% em centros públicos como no edifício comercial ou shopping center, por exemplo, e fora disso o restante pode ser feito em uma rede de abastecimento na rua, o que faz com que essa infraestrutura de abastecimento seja complementar apenas.
O avanço da frota de veículos elétricos no Brasil que é considerado no estudo aponta para algo entre 2,2 a 6,4 milhões de unidades até 2030. Esse volume representaria cerca de 8% da frota nacional nesse ano considerando o crescimento orgânico que caracteriza esse mercado. Portanto, há folga para atender uma faixa de 4 a 10 milhões de veículos.
No limite superior dessa faixa, lembrou Povia, está considerada a aprovação do programa Rota 2030 que traz incentivos a esse tipo de veículo no país. Mesmo com esse cenário, 80% da rede estaria apta  atender essa demanda adicional, pois essa previsão de crescimento de carga está diretamente ligada ao negócio das distribuidoras que precisam desenvolver as perspectivas de demanda no longo prazo. Atualmente, a frota estimada de automóveis no Brasil é de algo próximo a 43 milhões de unidades.
Eletroposto do projeto da CPFL Energia
Do ponto de vista da oferta de novos serviços ao cliente, a expansão da mobilidade elétrica traz oportunidades em operação  da infraestrutura de recarga, instalação de eletropostos, o Vehicle to Grid (V2G) que contempla a devolução da energia dos veículos elétrico para a rede ou residências, o compartilhamento de veículos, a adoção de táxis elétricos, reutilização para as baterias e seguros para veículos elétricos.
Na ótica da indústria automotiva, as oportunidades para o Brasil identificadas são o desenvolvimento de uma indústria de ônibus elétricos e híbridos movidos a etanol, a comercialização de veículos elétricos de baixa velocidade, o desenvolvimento de motor híbrido flexpower, bem como o já citado serviço de compartilhamento de veículos elétricos.
As projeções apresentam ainda benefícios para o bolso dos proprietários. O projeto Emotive da CPFL mostrou que o valor do quilômetro rodado de um automóvel comum a combustão é de aproximadamente R$ 0,30. No carro elétrico, esse custo é de R$ 0,11, o que corresponde a um terço do gasto com um carro convencional, fruto do combustível mais barato e da menor despesa com manutenção.
Contudo, ainda em termos de regulação do setor elétrico é necessário verificar anda a regra para a queima de outros aparelhos elétricos à do V2G, padrão técnico de conexão, entre outros. A CPFL, completou ele, já começa a dar novos passos nesses estudos de mobilidade elétrica, a meta agora é de estudar essa questão aplicada a transporte público movido a energia elétrica. Isso, finalizou, ainda está sendo discutido internamente, em parceria com a Unicamp, mas que este é um tema cuja aprovação está próxima.