A produção de commodities da exportação brasileira manteve atividade mesmo em dias de jogos do Brasil na Copa do Mundo da Rússia, realizados em dias úteis e que provocaram expediente reduzido em grande parte das empresas do país. A conclusão é do levantamento da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, que observou o comportamento do consumo energético durante as partidas da seleção brasileira.
Apesar do consumo no país ter reduzido no geral nos dias dos jogos da seleção, o estudo revelou que os ramos da indústria química, metalurgia e produção de metais e de extração de minerais metálicos registraram consumo de energia acima do observado no mesmo dia da semana anterior ao início da competição, valor de referência do índice.
O destaque ficou para a indústria de Extração de Minerais Metálicos, que aumentou o consumo em 10% em relação ao valor de referência, na quarta-feira, 27 de junho, dia em que maior parte das empresas dispensou funcionários no início da tarde em razão do duelo entre Brasil e Sérvia, que ocorreu às 15hs (horário de Brasília).
Na indústria de Químicos, o aumento no mesmo dia foi de 2%, enquanto que na de metalurgia houve incremento de 1%. Mesmo sendo indústrias eletrointensivas, que normalmente já exigem alto consumo energético, o crescimento acima do valor de referência ratifica o não impacto da questão durante o evento, o que pode ser ilustrado pelo crescimento do ramo de Extração de Minerais Metálico.
Consumo no Brasil
O comportamento da indústria de commodities contribuiu para amenizar quedas nos níveis de consumo quando observado o Sistema Interligado Nacional – SIN, que inclui residências e grande parte dos setores de comércio e serviços do País. No dia do jogo Brasil e Costa Rica, ocorrido em uma sexta-feira, às 9h de 22 de junho, o consumo recuou 2,9% em relação ao valor de referência; já no jogo contra a Sérvia, também às 15hs, houve diminuição de 3,6% no resultado geral do dia.
Outro fator que amenizou a queda do consumo nesses dias foi o comportamento de indústrias de bens – como bebidas, alimentos e manufaturados diversos, onde se buscou uma compensação fora dos horários das partidas.
De acordo com a CCEE, o baixo crescimento do mês de junho, de 1,1%, não está relacionado apenas ao decréscimo da utilização da eletricidade nos dias da Copa, mas também ao ritmo de recuperação lenta da economia doméstica, além dos resquícios de efeitos da greve dos caminhoneiros, deflagrada no final de maio.
Apesar do nível de consumo ter reduzido, seguindo o padrão geral do país, alguns setores demonstraram maior atividade em períodos anteriores ou posteriores aos jogos, a fim de manter a produção. No fim do dia 27/6, por exemplo, o maior recuo de consumo em relação ao valor de referência foi no setor veículos que consumiu 13% menos de energia – seguido pelos ramos de bebidas e manufaturados diversos.
Europa
O levantamento da Câmara não se limitou ao território nacional, sendo aplicado também em outros países da Europa nos dias dos jogos de suas respectivas seleções. A avaliação é que, como as partidas da seleção brasileira ocorreram em horários comerciais e em dias úteis, o Brasil sentiu mais os efeitos no consumo quando comparado aos europeus.
Na França, por exemplo, o segundo jogo da seleção contra o Peru ocorreu em uma quinta-feira, 21/6, às 17hs (horário de Paris), o que praticamente não alterou o consumo do país – que se manteve similar ao observado na média na comparação com a média das segundas-feiras do mês, excluindo-se a data do próprio jogo. Situação semelhante aconteceu durante os jogos realizados em dias úteis, em países como a Espanha e a Inglaterra, que pouco sentiram impactos no consumo energético.
A exceção aconteceu no dia da estreia da Bélgica em uma segunda-feira, 18/6, às 17hs (horário local). Neste dia, muitas empresas aparentemente anteciparam a produção, possibilitando a parada de suas atividades para acompanhar a seleção, produzindo uma queda de 10% no consumo de energia no horário do jogo, mas que se refletiu numa diminuição de apenas 0,5% no consumo do dia.