O reperfilamento da dívida da usina nuclear de Angra 3 é considerado um dos pontos cruciais para a continuidade do projeto, atualmente paralisado por falta de recursos. A estatal está sem fôlego financeiro para cumprir as obrigações financeiras junto a credores como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, a Caixa Econômica Federal e a própria holding da Eletrobras. “A Eletronuclear está sendo cobrada e ela não tem como pagar essas obrigações”, avisa o presidente da empresa, Leonam Guimarães, que participou nesta quarta-feira, 25 de julho, do Seminário Internacional de Energia Nuclear 2018, no Rio de Janeiro (RJ).
As soluções para os problemas da usina estão no Grupo de Trabalho montado pelo CNPE, que deve apresentar em até 60 dias uma alternativa de revisão da tarifa e de um novo modelo de negócios atrativo para a usina. Na abertura do evento, o executivo lembrou que hoje a oposição à fonte nuclear está menor na sociedade. Ele também reiterou que a estatal quer terminar a usina e trabalha com a data de junho de 2020 para recomeço dos trabalhos nos canteiros.
Outro aspecto fundamental colocado por Guimarães é o reajuste da tarifa da usina, o que vai permitir a entrada de um sócio estrangeiro com fôlego financeiro para a conclusão da obra. Leonam disse que o canteiro de obras da usina, paralisado desde 2015, tem um custo anual de cerca de R$ 30 milhões para a Eletronuclear. Embora a obra da usina de Angra 2 tenha ficado mais tempo parada, ela foi interrompida em um estágio mais avançado que o de Angra 3, impactando menos. O presidente da estatal disse ainda que a conclusão da obra era importante não só para a empresa, mas para o setor nuclear brasileiro, já que são as usinas que puxam os demais usos da fonte nuclear. “A retomada é uma questão de sobrevivência da Eletronuclear e do setor como um todo”, concluiu.