A Energisa avaliou, mas decidiu não apresentar oferta pela Cepisa no leilão realizado nesta quinta-feira, 26 de julho. Os motivos apontados pela companhia, que é uma das maiores consolidadoras do segmento de distribuição no país nos últimos anos, são a ausência de condições que fornecessem o equilíbrio entre três pilares fundamentais, sustentabilidade do contrato de concessão, balanço de partida das empresas saneadas, e endereçamento das contingências.
Em nota a companhia afirma que tem estudado profundamente os ativos de distribuição da Eletrobras desde 2016. Neste período, continuou, os diversos profissionais do grupo Energisa participaram de diligências nos ativos, o que permitiu obter “profundo entendimento destas concessões”.
A avaliação da empresa é de que a concessionária piauiense encontra-se distante dos limites regulatórios exigidos para concessão, apesar da decisão da Aneel de flexibilizar as metas para perdas não-técnicas e para custos operacionais regulatório. E ainda, que a decisão definida no edital de maior compartilhamento desta flexibilização retirou o incentivo à captura das melhorias e comprometeu as condições de sustentabilidade do contrato.
Em relação ao item balanço de partida, a Energisa aponta que distribuidora alvo da privatização permanece em desequilíbrio financeiro, segundo suas métricas, com alto nível de endividamento, e patrimônio líquido negativo. “No caso da Cepisa, não houve nenhuma capitalização da dívida pela Eletrobras, o que exigirá elevados aportes de capital para se adequar aos parâmetros de solvência”, sinalizou no comunicado.
Sobre as contingências da concessionária do Piauí, como passivos financeiros e judiciais, a avaliação é de que este tema não foi endereçado de forma a minimizar o risco jurídico do comprador, existindo elevado valor não provisionado em balanço e que não foram saneados a tempo.
Apesar desse posicionamento em relação à Cepisa, que era considerada pelo mercado em geral como a concessionária menos problemática entre as seis que estavam sob o comando da Eletrobas, a Energisa declarou que analisa cada oportunidade de forma individualizada. Portanto, continuará avaliando as demais distribuidoras que estão com leilão previsto para o final de agosto.
“A Energisa aguarda com expectativa a resolução das restrições que hoje impedem a alienação das demais empresas designadas da Eletrobras, tais como a aprovação definitiva do PL 10.332/2018 no Senado Federal e impedimentos judiciais, como liminares. O Grupo reitera ainda que tem como premissa a alocação prudente de capital, buscando geração de valor para acionistas e a sustentabilidade do negócio no longo prazo com a prestação de serviço adequada para seus consumidores”, finalizou.